Furnas, a maior empresa elétrica do país, nasceu em 1958, exatamente há 59 anos, do compromisso com o futuro que caracterizava a personalidade e o espírito construtivo do presidente Juscelino Kubitscheck, para assegurar a energia fundamenta processo de industrialização que seu governo desencadeava. A 28 de fevereiro, início do terceiro ano de seu mandato, o projeto de energia elétrica, somado ao desenvolvimento econômico que decolava, mudava a face do Brasil.
Com a industrialização, os livros de geografia tiveram que alterar seu então clássico começo que repetia nossa classificação de vivermos num país essencialmente agrícola. A partir de JK, o país deixava de ser apenas um exportador de café e açúcar. Passou a produzir uma série de bens industriais. Nascia a indústria automobilística, a Usiminas, a Usina de Três Marias, junto com Furnas, desvendava-se a cortina para o futuro em confronto com a cortina do passado.
Lucas Lopes havia substituído José Maria Alckmim na Fazenda, Lucio Meira era ministro da Viação e Obras Públicas, hoje Ministério dos Transportes, ambos integrantes da equipe que elaborou o Plano Quinquenal de Metas. O sucesso do Plano dependia de Furnas. O futuro nacional também, Furnas não faltou e deu sequência lógica à ideia que passou a ser chamada desenvolvimentista, espécie de filosofia e um projeto voltado para sua época e que se projetaria nas épocas que vieram depois.
DE COTRIM A DECAT
Seu primeiro presidente foi John Cotrim. Hoje, é presidida por Flávio Decat. A empresa responde, nos setores de geração e transmissão, por quarenta por cento da energia consumida no país. Na transmissão, repassa a energia produzida por Itaipu. O consumo médio de energia elétrica brasileiro situa-se na escala de 65 milhões de KW.
A criação de Furnas – lembro bem, era repórter do Correio da Manhã – foi um dos marcos principais; um outro, a construção de Brasília, que funcionou, e funciona, para redistribuir a população; um terceiro a Petrobrás, presidida por Janary Nunes. JK assumiu com uma produção de 5 mil barris dia, deixou com 100 mil. O consumo, em 1960, era de 300 mil barris diários. Encontrou apenas mil quilômetros de rodovias pavimentadas, entregou a Jânio Quadros dez mil. O Brasil, antes de Furnas, gerava 5 milhões de KW de energia elétrica. Juscelino duplicou a produção. A siderurgia pôde se expandir, o parque industrial paulista se consolidou, usinas siderúrgicas operaram em corrente contínua.
A ELEIÇÃO DE NÃO HOUVE
Mas isso, hoje, é passado. Foi uma pena que JK não tivesse retornado ao poder pelas urnas de 65, na eleição que não houve. Ele teria, tenho a certeza, que ele, enfatizando e incentivando o setor agrícola, teria antecipado o futuro, como Furnas antecipa hoje na sua esfera de atuação, superando obstáculos, o maior deles, creio, a retração econômica que freia o país. Um exemplo de empenho e impulso, resgatando o espírito que norteou sua criação.
Dia 29, transcorrem 59 anos do decreto que abriu novos horizontes para o Brasil. A renúncia de Jânio Quadros obscureceu a história. Seu governo de sete meses, ele assumiu em janeiro, saiu em agosto, foi um verdadeiro desastre. Houve outros no passar do tempo. Mas Furnas continua firme como fonte e destino de progresso.
Paulo Pinheiro Chagas, deputado por Minas Gerais, classificou JK de contemporâneo do futuro. Furnas, 59, também se faz presente nessa escala.
26 de fevereiro de 2016
Pedro do Coutto
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