"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

ANÁLISE ATUAL: "INCENDIO" NA ECONOMIA GLOBAL

Verdadeiro incêndio lança labaredas na economia global, nesta sexta feira, 15 de janeiro.

Os sinais são alarmantes, com repercussão direta na economia brasileira, que fatalmente pagará parte dessa derrocada.

A bolsa de Xangai fechou hoje, 15, novamente em grande queda, atingindo quase 4%.

Sidney, Manilha, Seul, Tóquio, Malásia e Hong Kong mostraram tendência semelhante.

As bolsas Europeias seguem a mesma trilha e apresentam forte desvalorização, acompanhando as bolsas Asiáticas.

O “susto” acentuou-se desde ontem, quinta, 14, quando o conselheiro de Estado da China Yang Jiechi alertou para a possibilidade de uma nova crise financeira global.

Ele é o responsável máximo pelos negócios estrangeiros do gigante asiático.

"Não é possível descartar por completo a possibilidade de vermos acontecer uma nova crise econômica, e o problema não devia ser negligenciado”, afirmou Jiechi.


O aprofundamento da crise econômica da China seria em razão do vazamento das informações, de que o governo desvalorizará o Yuan, seguindo a velha política de incrementar as suas exportações.

Contribuiu também a notícia divulgada no jornal International Finance News, de que bancos do gigante asiático estariam rejeitando ações de empresas chinesas como garantia para empréstimos.

Por outro lado, o mercado enxerga o tsunami que corrói os países produtores de petróleo, com a abrupta continuidade da queda de preço do barril, indicando a inevitável redução da atividade econômica global.

Justamente na hora em que a China busca acelerar as suas exportações para vencer as dificuldades que enfrenta, a Reutersdivulga a declaração de Donald Trump, um dos candidatos Republicanos à Presidência dos Estados Unidos, a favor de uma taxação sobre produtos chineses, caso os chineses permitam a desvalorização de sua moeda, o Yuan.

Trump, que está bem nas pesquisas, defende teses de proteção radical à economia americana, desequilibrando acordos comerciais e as próprias regras do livre comércio, defendidas pelos Estados Unidos.

As ideias de Trump enfrentam obstáculos dentro do seu próprio partido.

Sobre a taxação de produtos chineses pelos Estados Unidos, o ex-governador da Flórida Jeb Bush, republicano de carteirinha, criticou-o, dizendo que isso iria somente provocar uma retaliação contra os produtos norte-americanos.

Os fatos demonstram que o incêndio na economia global coloca "frente a frente" os interesses dos Estados Unidos e da China.

O “quebra cabeça” aumenta, tornando ainda mais imprevisível o futuro do mundo, quando se sabe que a China é o maior comprador de títulos da dívida pública americana, dispondo atualmente de quase US$ 1.5 trilhão de dólares.

Por essa razão, muitas pessoas dizem que a China é proprietária dos Estados Unidos.

Essas aplicações financeiras resultaram de um longo período de 20 anos ou mais, quando os chineses exportaram bens para os Estados Unidos e como havia desequilíbrio na balança, a China aceitou receber papéis americanos, como forma de pagamento.

A primeira vista, a China estaria em vantagem, no atual momento econômico mundial.

Todavia, isso não é verdadeiro, sobretudo pelos sinais de recuperação da economia americana.

Na hipótese dos chineses tentarem ameaçar os Estados Unidos, pelo crédito que dispõem, o “tiro poderá sair pela culatra”.

O Federal Reserve simplesmente recompraria os títulos.

Se a China comprar ativos como ouro, fatalmente o Yuan seria valorizado e reduziria a competividade das exportações do país, um dos sustentáculos de sua economia.

A propósito, o economista J. Paul Getty já afirmou:

“Se você deve ao banco 100 dólares, isso é problema seu. Se você deve ao banco 100 milhões, isso é problema do banco.”

No frigir dos ovos, realmente os Estados Unidos devem a China quase 1,5 trilhões de dólares.

Entretanto, nesse caso, a China representa o banco, e, portanto, é ela que passa a ter uma “batata quente” na mão!

Vê-se que as aquecidas chamas do incêndio, que atormentam a economia global, propagam a insegurança social, econômica e política.

Infelizmente, nessa conjuntura, o Brasil será um dos mais países mais atingidos, se o fogo não for debelado.

Que Deus nos proteja!



15 de janeiro de 2016
Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano; professor de Direito Constitucional da UFRN

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