"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

EX-MINISTRO CARLOS GABAS FAZIA LOBBY POR NEGÓCIOS DA OAS


Gabas agora alega que só queria ajudar Brasília…

Mensagens obtidas pelos investigadores da Operação Lava Jato no celular de José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, indicam que o ex-ministro da Previdência Social Carlos Gabas intermediou negócios da empreiteira com o governo do Distrito Federal em 2014, época em que era comandado por Agnelo Queiroz (PT).
Os investigadores afirmam que “sobre Gabas, destaca-se que há trocas de mensagens ao menos desde junho de 2012, sendo um contato de pessoas vinculadas a empresas do grupo OAS com negócios relacionados ao governo”. Atual secretário especial de Previdência Social, Gabas é próximo à presidente Dilma Rousseff. Em 2013, ele levou a petista para passear de moto em sua garupa. Ele comandou o Ministério da Previdência de janeiro a outubro de 2015, quando a pasta foi fundida com a do Trabalho. Gabas nega qualquer envolvimento com a Lava Jato.
Os diálogos obtidos pelo Estado são mantidos sob sigilo em Brasília e na Justiça Federal no Paraná. As conversas envolvendo Gabas ocorreram entre 2012 e 2014, quando ele era secretário executivo do Ministério da Previdência. Elas foram obtidas pelos investigadores em Curitiba e remetidas à Procuradoria-Geral da República no ano passado por haver menção ao nome de Gabas. Até o momento, não há inquérito que investigue o envolvimento do ex-ministro na Lava Jato.
NOSSA AGONIA
Em 27 de outubro de 2014, um número atribuído pelos investigadores a Léo Pinheiro encaminhou mensagem a Gabas citando José Lunguinho Filho, diretor da OAS Defesa. “Amigo, Não deu para o Lunguinho lhe ver. Abaixo a nossa agonia”, afirma Pinheiro, citando em seguida as “principais pendências” que envolviam as obras do BRT Sul de Brasília.
Nas mensagens, MM significa “milhões”, CEF, “Caixa Econômica Federal” e GDF, governo do Distrito Federa. “Contrato: – Solicitar ao GDF (Casa Civil e Secretaria de Transportes) a aprovação do 7.º Termo Aditivo e a respectiva reprogramação (R$ 60 MM), junto a CEF. – Última medição recebida foi referente ao mês de Junho/14. Saldo financeiro do contrato após este recebimento = R$ 90 MM – Recursos: empenhar e pagar – R$ 30 MM da fonte 100 do GDF (contra partida) desbloquear e pagar – R$ 60 MM do convênio de empréstimo, junto a CEF. Grande abraço, Léo.”
Cinco horas depois da primeira mensagem, ela foi respondida por um número que a investigação atribui a Carlos Gabas. “Ok. Cuido daqui.”
OBRAS VIÁRIAS
A OAS é uma das empresas integrantes do Consórcio BRT Sul, responsável por obras viárias no Distrito Federal, como a construção de uma linha de BRT. Fazem parte do consórcio a Andrade Gutierrez e a Via Engenharia, segundo informações da própria OAS.
O chamado “BRT Expresso Sul” já está em funcionamento, embora algumas estações ainda não tenham sido entregues. O projeto total teve investimento de R$ 761,4 milhões, segundo relatório do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Já em 2013, Gabas era apontado como intermediador entre a OAS e o governo do Distrito Federal, como sugere mensagem de 28 de março de José Lunguinho Filho para Léo Pinheiro, citando reunião com o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB-DF), identificado na conversa como TF, e o comando da Terracap, agência de desenvolvimento do Distrito Federal.
SÓ QUERIA AJUDAR…
Defesa. Gabas afirmou que não representa a OAS e que seu propósito era “ajudar o DF e o governo do DF”. “Não estou na Lava Jato, não tenho nada a ver com a OAS nem com nenhuma construtora”, afirmou.
O secretário disse que participou de reuniões por integrar, desde 2010, o conselho de administração da Novacap, estatal do Distrito Federal responsável pela execução de obras. Ele admitiu ser autor das mensagens e disse que conheceu Léo Pinheiro no aniversário de um amigo em comum.
A respeito da mensagem a que respondeu dizendo que cuidaria da demanda de Pinheiro, Gabas disse apenas ter encaminhado o apelo ao então governador do DF, Agnelo Queiroz (PT). “O cara está pedindo pelo amor de Deus. Pela mensagem dele, está desesperado para receber o dinheiro que ele já deve ter gasto, pelo que ele diz aqui. Não acompanhava isso.”
A Caixa informou que não repassou recursos diretamente para a OAS. Em nota, a OAS informou que “a empresa não tem nada a comentar a respeito”. O ex-vice-governador do DF Tadeu Filippelli disse que não irá se manifestar, assim como Agnelo Queiroz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário