O título vem de um livro político importante de Carlos Heitor Cony e o texto baseia-se em três reportagens dos mais importantes jornais do país, nas suas edições de 24. No Estado de São Paulo, a matéria é de Gustavo Aguiar e Daiane Cardoso; na Folha de São Paulo de Márcio Falcão, Ranier Dragon e Gustavo Uribe; no O Globo assinam a reportagem Carolina Brígido e Cristiane Jungblat. As três convergem para um ponto único: ao receber o deputado Eduardo Cunha e convocar os jornalistas para assistir o encontro, o presidente do Supremo Tribunal Federal acentuou tacitamente sua desconfiança na interpretação que o presidente da Câmara poderia dar aos assuntos tratados e, com isso, estabelecer alguma confusão na opinião pública do país. Lewandowski partiu, a meu ver, do princípio de que não basta observar um fato, mas sim analisar seu conteúdo. A diferença clássica entre um episódio e sua versão.
Assim, para o presidente do Supremo, a imprensa tornou-se testemunha dos diálogos realizados em sua sala na Corte Suprema. Ele pesou bem o panorama. Não poderia deixar de receber eticamente o presidente da Câmara Federal, porém não desejava aceitar seus argumentos a respeito da decisão do STF sobre o rito do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Deixou claro, contudo que a decisão somente poderá ser objeto de embargo declaratório, após a publicação do acórdão que a estabeleceu. Assinalou que existe um prazo para isto: 5 dias após a íntegra do acórdão sair no Diário Oficial da União.
Além disso, o presidente do Supremo fez questão de dizer que considera o resultado do julgamento absolutamente claro, e, portanto, não discutível. Esta versão não pode ser contestada porque teve a opinião pública por testemunha. Isso de um lado. De outro transmitiu a existência de um clima não amistoso entre o presidente do Supremo e o da Câmara dos Deputados.
RECURSOS DA SAÚDE TÊM DURAÇÃO LIMITADA
O governador Luiz Fernando Pezão e muito menos a população carioca e fluminense, no fundo, não têm razões para comemorar a liberação de 155 milhões pelo governo federal e o empréstimo de 100 milhões concedido pelo prefeito Eduardo Paes para aliviar a crise extrema em que se encontra a saúde no estado do Rio de Janeiro. Isso porque tal volume de recursos é emergencial, não duradouro. Vai funcionar para garantir o pagamento dos custos do sistema até quando? Resposta: por poucos meses. Além do mais, no caso do empréstimo, ele terá de ser pago.
A situação catastrófica do programa de saúde pública em nosso estado decorre de vários fatores. Que vão da imprevidência a um erro fundamental de concepção. Pagamentos são feitos a organizações privadas de saúde. Dessa forma incentiva ao lucro em consequência da não prestação de serviço. E sim cobrar pelo que deixam de fazer.
26 de dezembro de 2015
Pedro do Coutto
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