Hoje não vou falar de política nem de políticos, para não conspurcar o ambiente… Vou contar uma história bonita, acontecida comigo. Em 1980, tempo em que eu era deputado e, diga-se de passagem, essa função ainda valia alguma coisa, o papa João Paulo II veio a BH, no dia 11 de julho, num périplo que, pela primeira vez, fazia pela América do Sul. Como eu nunca tinha viajado ao exterior e nunca tinha visto um papa, a curiosidade e o orgulho estavam à flor da pele. O governador do Estado e anfitrião de Sua Santidade era Francelino Pereira, que preparou uma festa para receber tão honrosa visita. João Paulo iria celebrar missa, inaugurando a praça que hoje tem seu nome, na encosta da serra do Curral. O governo organizou tudo, providenciou transporte e permitiu que convidados e autoridades levassem um acompanhante.
Levei minha mãe, já que Lilinha, minha esposa, já havia estado no Vaticano e se avistado com Sua Santidade. Na praça, foram construídos dois palanques, um para o altar onde ficariam o Papa e sua comitiva, o outro para convidados e autoridades. Os demais presentes formavam um mar de gente que sumia de vista. Quando eu ia subindo a escadaria íngreme, ajudando mamãe, uma senhora chegou muito aflita e me disse: deputado, me ajuda aqui, que o Serginho está desmaiado. Era a esposa do deputado Sérgio Olavo Costa, de Juiz de Fora, que estava passando mal – muito debilitado, desmaiara por reação à quimioterapia. A escada era bem alta, estreita e íngreme, e precisei de ajuda para carregar o colega e amigo. Naquele sufoco, chamei um deputado, penso ter sido o Hélio Resende, de Conselheiro Lafaiete, para me ajudar. A esposa do Sérgio chorava muito.
Descemos com sacrifício a escada e acomodamos o Sérgio no jipe do Corpo de Bombeiros que nos aguardava. Na confusão, minha mão direita ficou presa na porta, que foi travada. Não adiantava gritar, todo mundo gritava… A dor foi tamanha que adormeceu todo o braço. Quando consegui retirar a mão, com o carro em movimento, estava inchada e roxa, quase preta. Doía barbaridade. Coloquei a mão no bolso e voltei para ficar com minha mãe sem falar nada. Terminada a missa, retirei a mão do bolso e, surpreendentemente, não sentia nada, nem sinal do apertão da porta.
AÇÃO ENTRE AMIGOS
Milagre? Sei lá. Prefiro pensar em “ação entre amigos”… Quando João Paulo II morreu, e o mundo todo se dirigia para Roma, fiz questão de ir também. Cheguei lá na quinta-feira à noite para assistir às exéquias de Sua Santidade no outro dia, que foi inesquecível… Só saí de Roma quando o túmulo do amigo foi aberto à visitação.
A bênção, santo padre, meu amigo! Quem sabe não nos encontraremos aí pelas quebradas do céu? Quem sabe?…
26 de de dezembro de 2015
Sylo CostaO Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário