Confira o que Cunha negocia com Dilma para ambos se safarem da cassação e do impeachment
Cunha era um líder do maior partido da base governista no Senado e segundo maior da Câmara. Quando Rodrigo Janot nada encontra contra Aécio, Dilma se desespera e pauta o Jornal Nacional com vazamentos sobre o presidente da Câmara e Renan Calheiros, presidente do Senado. Em agosto, segundo colunistas que trabalham em Brasília, um “acordão” entre Dilma, Janot e Renan traz o peemedebista de volta à base do PT. Mas, com a possibilidade de o impeachment vingar, Temer também se afasta do Planalto.
Tudo muda quando a oposição cede à pressão da imprensa e pede, no último sábado, a renúncia de Eduardo Cunha. Acuado, recebe do outro lado a promessa de um tratamento diferenciado. Com o golpe desferido ontem por Teori Zavascki contra o impeachment, a briga reduziu-se a um embate um contra um, sem caber à oposição muita coisa além de torcer. Dilma quer ajudar Cunha para dele receber ajuda. É difícil acreditar que não selarão um acordo. Mas, segundo a Folha, o peemedebista está sendo exigente. Quer o presidente da Câmara:
- Os votos do PT na Comissão de Ética da Câmara, salvando-o assim da cassação.
- A demissão de José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça e amigo pessoal de Janot, considerado o responsável pelos vazamentos para a imprensa.
- A nomeação de Michel Temer como ministro da Justiça.
- O arrefecimento das investigações contra Cunha na Lava Jato.
O governo só se diz incapaz de atender ao quarto pedido, o que tem forte cheiro de mentira, uma vez que, desde agosto, nada substancial surge contra Renan Calheiros.
É uma trama maquiavélica que revela dois graves pontos:
- O autoritarismo do governo, fazendo o Brasil soar como uma ditadura refém dos comandos de um único líder.
- O amadorismo da oposição, que deixou mais uma vez o jogo virar a favor do governo, mesmo com Dilma e Cunha mais fragilizados do que nunca.
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