Comentários feitos pelo comandante do Exército foram tão ou mais importantes do que as liminares expedidas pelo Supremo Tribunal Federal para limitar a aventura do deputado Eduardo Cunha em torno do impeachment da presidente Dilma. O general Villasboas falou a um grupo de tenentes da reserva, através de videoconferência, na sexta-feira. Respondendo a diversas perguntas, reconheceu que a crise é política, econômica e moral, mas jamais institucional. Há, no entanto, para ele, o risco de que se transforme em crise social, que diz respeito às forças armadas.
Traduzindo: se houver baderna generalizada, invasões de propriedades públicas e privadas em ritmo preocupante, ataques à autoridade constituída, violência e desobediência civil, os soldados irão para a rua. Claro que, conforme a Constituição, a pedido de um dos três poderes da União, para garantir a lei e a ordem.
Significa o quê, essa advertência? Primeiro, que os militares encontram-se perfeitamente afinados com a democracia. Prontos para assegurá-la, se necessário. As instituições estão funcionando, disse o general, dando como exemplo a decisão do Tribunal de Contas da União, ao rejeitar as contas da presidente Dilma em 2014.
O problema é que arremedos da crise social já aconteceram, há dois anos. Depredação de instalações do metrô, de agencias bancárias, do comércio e até as fachadas do Congresso e do ministério das Relações Exteriores. Não havia, ainda, as crises política e econômica, no grau atual, mas, mesmo assim, grupos específicos entregaram-se a excessos. Felizmente, foram espasmos sem grandes consequências, e faz algum tempo que não se repetem. Hoje, o povo vai para a rua, mas em protestos ordeiros e pacíficos. As forças armadas tem colaborado com o poder civil, em especial nas favelas do Rio. Inexiste a menor indicação de que pretendam repetir o passado cada vez mais longínquo.
Mesmo assim... Mesmo assim, crescem os sinais da crise social, com a desumana prática das demissões em massa, promovida pelos mesmos de sempre, estimulando movimentos grevistas em ritmo crescente, sob as vistas de um governo incompetente. Aflora um perigo: despertaria sentimentos variados a presença militar para evitar a baderna, vale repetir a Constituição, “a pedido de um dos três poderes”. Muita gente exortaria as forças armadas a prosseguir a marcha, ocupando o poder e alegando ser para evitar sua deterioração. No extremo oposto, grupos que em idos anteriores mobilizaram-se para enfrentar a ditadura poderiam confundir as situações e precipitar-se num confronto injusto.
O comandante do Exército falou o que podia e devia. Talvez venha a ser mal interpretado, não faltando as cassandras de lá e de cá para distorcer suas palavras.
INICIATIVA POSITIVA
Nem só das tricas e futricas do deputado Eduardo Cunha vive a Câmara. Esta semana foi rejeitada a medida provisória que autorizava as empresas a reduzir em 30% o salário dos trabalhadores, diminuindo também a jornada de trabalho. Tirada do saco de maldades da equipe econômica a pretexto de evitar demissões, a iniciativa atropela a Consolidação das Leis do Trabalho, sobrepondo o “acordado” pelo “julgado”. Qual o patrão que deixaria de colocar o empregado diante da pérfida opção entre aceitar a redução ou ser mandado embora?
A medida provisória foi derrotada contra o voto da bancada do PT, destacando-se o Vicentinho, ex-presidente da CUT, que para agradar o governo, pregou sua aprovação. Felizmente, quebraram a cara.
16 de outubro de 2015
Carlos Chagas
Traduzindo: se houver baderna generalizada, invasões de propriedades públicas e privadas em ritmo preocupante, ataques à autoridade constituída, violência e desobediência civil, os soldados irão para a rua. Claro que, conforme a Constituição, a pedido de um dos três poderes da União, para garantir a lei e a ordem.
Significa o quê, essa advertência? Primeiro, que os militares encontram-se perfeitamente afinados com a democracia. Prontos para assegurá-la, se necessário. As instituições estão funcionando, disse o general, dando como exemplo a decisão do Tribunal de Contas da União, ao rejeitar as contas da presidente Dilma em 2014.
O problema é que arremedos da crise social já aconteceram, há dois anos. Depredação de instalações do metrô, de agencias bancárias, do comércio e até as fachadas do Congresso e do ministério das Relações Exteriores. Não havia, ainda, as crises política e econômica, no grau atual, mas, mesmo assim, grupos específicos entregaram-se a excessos. Felizmente, foram espasmos sem grandes consequências, e faz algum tempo que não se repetem. Hoje, o povo vai para a rua, mas em protestos ordeiros e pacíficos. As forças armadas tem colaborado com o poder civil, em especial nas favelas do Rio. Inexiste a menor indicação de que pretendam repetir o passado cada vez mais longínquo.
Mesmo assim... Mesmo assim, crescem os sinais da crise social, com a desumana prática das demissões em massa, promovida pelos mesmos de sempre, estimulando movimentos grevistas em ritmo crescente, sob as vistas de um governo incompetente. Aflora um perigo: despertaria sentimentos variados a presença militar para evitar a baderna, vale repetir a Constituição, “a pedido de um dos três poderes”. Muita gente exortaria as forças armadas a prosseguir a marcha, ocupando o poder e alegando ser para evitar sua deterioração. No extremo oposto, grupos que em idos anteriores mobilizaram-se para enfrentar a ditadura poderiam confundir as situações e precipitar-se num confronto injusto.
O comandante do Exército falou o que podia e devia. Talvez venha a ser mal interpretado, não faltando as cassandras de lá e de cá para distorcer suas palavras.
INICIATIVA POSITIVA
Nem só das tricas e futricas do deputado Eduardo Cunha vive a Câmara. Esta semana foi rejeitada a medida provisória que autorizava as empresas a reduzir em 30% o salário dos trabalhadores, diminuindo também a jornada de trabalho. Tirada do saco de maldades da equipe econômica a pretexto de evitar demissões, a iniciativa atropela a Consolidação das Leis do Trabalho, sobrepondo o “acordado” pelo “julgado”. Qual o patrão que deixaria de colocar o empregado diante da pérfida opção entre aceitar a redução ou ser mandado embora?
A medida provisória foi derrotada contra o voto da bancada do PT, destacando-se o Vicentinho, ex-presidente da CUT, que para agradar o governo, pregou sua aprovação. Felizmente, quebraram a cara.
16 de outubro de 2015
Carlos Chagas
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