"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

DEUS E OS GENERAIS

Fez  porcaria e agora empurra para Deus? “Deus vai ajudar.” Como assim? Você não se ajudou e agora quer que Deus resolva? Ah, os generais vão resolver? Como assim? Eles intervieram, em 64, o Brasil cresceu a 11,2 em média em três anos e depois devolveram o poder aos civis. Os civis e seus partidos tiveram quase 30 anos para pegar um país pronto e disparar como a China. O que houve?  Más escolhas na urna? Não é de Deus a culpa. Alguns choram de novo à porta dos quartéis, achando que os generais devem voltar para socorrer os pobrezinhos imaturos, com medo da maioridade, querendo ser tutelados. Ora, resolvamos nós, cidadãos. Nem Deus nem os generais vão nos tutelar. Fazemos as porcarias e depois choramos como uns bebês? Até parecemos jogadores da seleção brasileira. Assumamos nossos votos nas urnas. Nossas passividades, nossas alienações. Paguemos nossos pecados. Deixemos de ser pueris. Sejamos adultos, responsáveis.
Pobre país que fica esperando pelos outros. O país somos nós. Mês que vem é o mês do 7 de setembro, da Semana da Pátria, da Independência. Para meditar. Será que vamos encher nossos carros de bandeirinhas, como na Copa? O Brasil somos nós. Não é uma equipe de futebol, como nossa infância tardia imagina. É um país em que vamos viver nossa velhice, com nossos filhos e netos. Se continuar assim, nos estamos condenando ao nada, ao não-futuro. Será que não vamos acordar, células que somos do gigante deitado em berço esplêndido?
Sim, devemos ter mesmo complexo de vira-latas, como nos joga na cara o governo. Quando o país vai dando certo, julgamos que não merecemos, que estamos abaixo do cavalo do bandido, e damos um jeito de estragar tudo. Damos um jeito de piorar o que está ruim. Nossa ignorância para a cidadania, para o mundo, para a civilidade, para a civilização é gigantesca. Nossa ignorância, por outro lado, nos permite suportar tudo, porque não conhecemos a realidade e na tapera em que vivemos, imaginamos habitarmos num palácio.
É para isso que somos mantidos longe da educação; que as escolas estão caindo, que os professores são mal-formados e mal-pagos; é para isso que o ensino é pífio, que ninguém lembra os pais de suas responsabilidades, ninguém condena os pais pelo mau exemplo de sonegar, pagar propina, passar o sinal fechado, não ensinar que a lei serve para que todos sejamos livres e felizes. E vamos despencando. Volta e meia temos uma chance, na urna. Mas, em geral, não aproveitamos. Preferimos esperar que tutores imaginários um dia nos salvem. Podem esquecer. Não há força fora de nós.
16 de outubro de 2015
Alexandre Garcia  (06 ago 2014)

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