José Dirceu, Antonio Palocci e o cargo de tesoureiro do PT desafiam os princípios da probabilidade. Diz o senso comum que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Bem, no caso deles, caiu.
Vou começar pelo último dos três. Delúbio Soares, senhor absoluto das finanças do PT, envolveu-se no mensalão. Foi julgado, condenado e preso. Anos depois, apesar da lição da história, vem João Vaccari Neto e resolve brincar à beira do abismo. Teve o destino do antecessor: a detenção.
Antonio Palocci era o homem forte da economia, cotado por Lula para sucedê-lo. Até um caso obscuro de violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo arrancá-lo do Ministério da Fazenda e da lista de presidenciáveis.
Palocci, entretanto, voltou poderoso para o governo federal pelas mãos de Dilma Rousseff. Durou pouquíssimo na Casa Civil. O ministro faturou R$ 20 milhões no ano da eleição, em 2010. Ele se recusou, contudo, a revelar sua carteira de clientes. Acabou abrindo mão do cargo, do status e da carreira política.
DIRCEU NA PRISÃO
Esta semana, o juiz Sérgio Moro lançou José Dirceu para o centro do esquema de corrupção na Petrobras. Preso na ditadura militar e preso no mensalão, o militante mais notório do PT depois de Lula voltou para a reclusão menos de nove meses depois de ter saído do cárcere.
Se as delações premiadas que embasaram sua prisão forem comprovadas, Dirceu perderá muito mais do que perdeu com o mensalão. No caso atual, ficará sem o apoio de boa parte da militância que, até agora, o reverenciou sob gritos de “Dirceu guerreiro do povo brasileiro”.
Mais do que as regras da estatística, os três casos mostram que o calvário vivido pela legenda não é obra do acaso, nem pode ser explicado somente pela tese da perseguição política ao partido.
Afinal, embora não seja impossível, é muito difícil um raio atingir o mesmo lugar mais de uma vez. Isso só ocorre quando as condições atmosféricas são idênticas ou muito parecidas
07 de agosto de 2015
Natuza Nery
Folha
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