A política não vive de boatos, apesar deles causarem prejuízos. Mas não há que confundi-los com rumores. Estes ocupam lugar superior na escala das previsões. O rumor em Brasília é de que Eduardo Cunha e Renan Calheiros serão denunciados, de hoje até a próxima semana, junto ao Supremo Tribunal Federal, como envolvidos na Operação Lava Jato.
Não apenas os presidentes da Câmara e do Senado terão abaladas suas imagens, pois junto com eles deverão balançar as estruturas do Legislativo. Torna-se necessário saber de que estariam sendo acusados. Por enquanto as possíveis acusações constituem boatos, pois todo mundo é inocente até que se lhe prove a culpa. Mas confortáveis não se encontram Cunha e Renan. Talvez por isso tenham redobrado sua ação contrária ao governo, nas discussões e votações de variados projetos.
No Congresso, amplia-se o sentimento de hostilidade frente ao palácio do Planalto. Está generalizada a impressão de haver o dedo do governo nas iniciativas do Procurador-Geral da República e da Polícia Federal. Ainda mais depois da invasão da casa e dos escritórios do senador Fernando Collor e outros parlamentares, com o sequestro de alguns de seus bens.
Precavendo-se, Eduardo Cunha declarou ontem que sua residência sempre teve as portas abertas, desejando, apenas, que os policiais não cheguem antes das seis horas da manhã, quando ele costuma acordar.
Há tensão crescente na Praça dos Três Poderes, já que o início do recesso parlamentar não coincide com uma atmosfera de tranquilidade. Pelo contrário, se confirmados os rumores da denúncia contra os dois comandantes do Legislativo, não haverá desmentido capaz de desfazer a impressão da presença do Executivo na operação. O corolário será, senão apoio, ao menos indiferença diante de eventuais pedidos de impeachment que oposicionistas mais intransigentes apresentarão a partir de agosto.
FRACASSO NO ÚLTIMOATO
Não poderia ter sido mais ridículo o último ato da reforma política, na Câmara. De todas as propostas que foram saindo pelo ralo, a mais importante era acabar com o princípio da reeleição, ampliando-se de quatro para cinco anos o mandato dos presidentes da República, governadores e prefeitos, além de deputados e vereadores. Como a alteração envolvia a redução dos períodos dos senadores, de oito para cinco anos, era de se prever a reação maciça do Senado, prevista para o próximo mês. Para evitar o choque entre as duas casas do Congresso, a solução foi deixar tudo como está, ou seja, os mandatos continuarão de quatro anos, exceção dos senadores, que continuarão com oito. Espera-se que a única reforma que sobrou, o fim da reeleição, não venha também a naufragar.
17 de julho de 2015
Carlos Chagas
Não apenas os presidentes da Câmara e do Senado terão abaladas suas imagens, pois junto com eles deverão balançar as estruturas do Legislativo. Torna-se necessário saber de que estariam sendo acusados. Por enquanto as possíveis acusações constituem boatos, pois todo mundo é inocente até que se lhe prove a culpa. Mas confortáveis não se encontram Cunha e Renan. Talvez por isso tenham redobrado sua ação contrária ao governo, nas discussões e votações de variados projetos.
No Congresso, amplia-se o sentimento de hostilidade frente ao palácio do Planalto. Está generalizada a impressão de haver o dedo do governo nas iniciativas do Procurador-Geral da República e da Polícia Federal. Ainda mais depois da invasão da casa e dos escritórios do senador Fernando Collor e outros parlamentares, com o sequestro de alguns de seus bens.
Precavendo-se, Eduardo Cunha declarou ontem que sua residência sempre teve as portas abertas, desejando, apenas, que os policiais não cheguem antes das seis horas da manhã, quando ele costuma acordar.
Há tensão crescente na Praça dos Três Poderes, já que o início do recesso parlamentar não coincide com uma atmosfera de tranquilidade. Pelo contrário, se confirmados os rumores da denúncia contra os dois comandantes do Legislativo, não haverá desmentido capaz de desfazer a impressão da presença do Executivo na operação. O corolário será, senão apoio, ao menos indiferença diante de eventuais pedidos de impeachment que oposicionistas mais intransigentes apresentarão a partir de agosto.
FRACASSO NO ÚLTIMOATO
Não poderia ter sido mais ridículo o último ato da reforma política, na Câmara. De todas as propostas que foram saindo pelo ralo, a mais importante era acabar com o princípio da reeleição, ampliando-se de quatro para cinco anos o mandato dos presidentes da República, governadores e prefeitos, além de deputados e vereadores. Como a alteração envolvia a redução dos períodos dos senadores, de oito para cinco anos, era de se prever a reação maciça do Senado, prevista para o próximo mês. Para evitar o choque entre as duas casas do Congresso, a solução foi deixar tudo como está, ou seja, os mandatos continuarão de quatro anos, exceção dos senadores, que continuarão com oito. Espera-se que a única reforma que sobrou, o fim da reeleição, não venha também a naufragar.
17 de julho de 2015
Carlos Chagas
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