A Polícia Federal deve instaurar um inquérito específico para apurar as doações feitas pela empreiteira Camargo Corrêa ao Instituto Lula. A organização do ex-presidente recebeu R$ 3 milhões da empresa entre 2011 e 2013, segundo um relatório de contabilidade anexado à investigação nesta semana.
Dois executivos da companhia – Eduardo Leite e Dalton Avancini – já fizeram acordos de delação premiada com a Justiça na Operação Lava Jato, e admitiram pagamentos de propina em obras públicas.
Segundo o delegado Igor Romário de Paula, “muito provavelmente” as doações à entidade do ex-presidente serão objeto de uma nova investigação, que incluirá ouvir os executivos delatores sobre os motivos das doações e a origem dos recursos transferidos.
“O que vai ser feito agora é verificar se há indícios de irregularidade ali [nas doações]. Havendo irregularidade, com certeza é natural que se instaure um inquérito para apurar”, afirmou Romário de Paula à imprensa, na quinta-feira. De acordo com o delegado, o Instituto Lula também deve ser chamado a explicar a razão dos pagamentos.
O Instituto Lula e empreiteira Camargo Corrêa já afirmaram, em nota, que as doações tiveram como objetivo dar apoio institucional à entidade. As doações, segundo o instituto, estão em conformidade com a finalidade da organização: estudo de políticas públicas para a erradicação da pobreza e da fome no mundo.
DIRCEU ENROLADO
Outro que deverá ser ouvido a respeito do laudo da Camargo Corrêa, segundo o delegado da Lava Jato, é o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT).
Sua empresa de consultoria é suspeita de receber propina de empreiteiras envolvidas na Lava Jato, e é citada no laudo como recebedora de R$ 900 mil da Camargo Corrêa em 2010 e 2011.
Para Romário de Paula, a oitiva do ex-ministro é “inevitável”. Dirceu tem afirmado, via assessoria de imprensa, que os pagamentos que recebeu das empreiteiras se devem a serviços de consultoria para a prospecção de negócios fora do país.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula, cada vez mais preocupado, foi-se queixar com Temer e com a cúpula do PT, porque a CPI da Petrobras também vai investigar o Instituto Lula. Aos poucos, o cerco está se fechando. Dirceu também está se sentindo acossado. Pior, está rompido com Lula, que se recusou a encontrar com ele, há dois meses. Desta vez, se Dirceu for novamente processado, Lula vai junto. E Dilma, também. Por isso, em sua mais recente entrevista, Dirceu disse que ele, Lula e Dilma estão no mesmo saco”. (C.N.)
14 de junho de 2015
Estelita Hass Carazzai
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário