Presidentes de duas das maiores empreiteiras do país amanheceram na cadeia nesta sexta-feira (19/6). A Polícia Federal deflagrou hoje a 14ª fase da Operação Lava-Jato com 59 mandados judiciais, cujos alvos são as construtoras Norberto Odebrecht (CNO) e Andrade Gutierrez (AG), duas das maiores empreiteiras do país, por suspeitas de corrupção e cartel, segundo delegados e agentes da corporação. Os presidentes das duas empreiteiras estão detidos: Marcelo Odebrecht, da CNO, e Otávio Azevedo, da AG.
Na Odebrecht, ainda estão presos os executivos Márcio Faria, Rogério Araújo e Alexandrino Alencar. Alguns colaboradores da empresa ainda foram intimados a depor por mandados de condução coercitiva. Mais de um executivo da Andrade Gutierrez foi alvo da operação, segundo nota da empresa.
Faria foi apontado pelo dono da Engevix Gérson Almada, como um dos organizadores de reuniões em que se combinavam divisão de licitações na Petrobras. De acordo com o executivo Augusto Mendonça, tratava-se de um cartel. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que, em seguida, os preços eram aumentados em 1% a 3% para viabilizar propinas para políticos.
DIZ O DOLEIRO
Segundo o doleiro Alberto Youssef, Alexandrino tentou comprar insumos da Petrobras a preços abaixo do mercado para a Braskem – sociedade entre a petroleira e a Odebrecht. Para isso, pediu ajuda ao ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, que participava de esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.
Como diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Alexandrino levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Cuba, República Dominicana e Estados Unidos em 2013, segundo o jornal O Globo. A viagem foi paga pela CNO.
No total, a PF cumpre hoje 59 mandados judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Na Odebrecht, foram vasculhados os escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro – à semelhança do que já ocorrera em 14 de novembro do ano passado. São oito mandados de prisão, quatro de prisão temporária, 38 de busca e apreensão e nove de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.
As empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez são suspeitas de participarem de um cartel de mais de 20 empresas que combinava licitações na Petrobras. Nas disputas, elas embutiam de 1% a 3% de custo adicional nos preços, segundo Paulo Roberto. Em seguida, mostram documentos e depoimentos colhidos na Lava-Jato, eram feitos pagamentos de propinas, também na faixa de 1% a 3%, para funcionários da estatal, políticos e operadores.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Estava demorando demais. Já dava até para desconfiar de alguma coisa errada, mas as prisões acabaram acontecendo. O presidente da Odebrecht nem acreditava mais que fosse atingido, passou a dar entrevistas tirando onda, vejam no que deu. Agora, o time de empreiteiros incriminados está completo. Mas ainda falta ir muita gente para a prisão, se é que podemos acreditar que isso vá ocorrer… (C.N.)
20 de junho de 2015
Eduardo Militão , Jacqueline Saraiva
Correio Braziliense
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