A oposição foi incapaz de produzir um diagnóstico tão devastador do governo da presidente Dilma e da situação do PT. Todo o mérito cabe a Lula, segundo reportagem de Tatiana Farah e Julianna Granjeia publicada, hoje, em O Globo. Durante encontro com religiosos, Lula não poupou sequer ele mesmo.
Sua frase “Dilma e eu estamos no volume morto. O PT está abaixo do volume morto”, entrará certamente para a História da política recente do país como a mais emblemática do período de 12 anos e seis meses do PT no poder. Como Lula é um bom frasista, não se descarte a possibilidade de ele cometer ainda uma frase melhor.
A reunião de Lula com religiosos aconteceu anteontem, no Instituto Lula, em São Paulo. Contou com a presença de Gilberto Carvalho, ex-secretário da presidência da República no primeiro governo Dilma. Ligado aos chamados movimentos sociais, foi Gilberto que levou os religiosos para conversar com o ex-presidente.
Por sinal, a essa altura, depois da prisão dos presidentes das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, as duas maiores do país, e de novas revelações trazidas pelas edições de fim de semana das revistas VEJA e ÉPOCA, é possível que Lula viesse a admitir que não somente o PT está abaixo do “volume morto”, mas ele também.
O desabafo de Lula deve ter sido gravado. O que sugere isso é a citação de tantas frases com começo, meio e fim, além do colorido da fala costumeira de Lula. Ficará difícil para ele desmentir o que lhe foi atribuído. Quanto a Dilma... Só lhe restará o silêncio. E a indignação com o que disse seu criador.
Um dos momentos mais constrangedores para Dilma no desabafo de Lula é este, quase ao final do encontro do ex-presidente com os religiosos:
- Tem uma frase da companheira Dilma que é sagrada: “Eu não mexo no direito dos trabalhadores nem que a vaca tussa”. E mexeu. Tem outra frase, Gilberto, que é marcante, que é a frase que diz o seguinte: “Eu não vou fazer ajuste, ajuste é coisa de tucano”. E fez. E os tucanos sabiamente colocaram Dilma falando isso (no programa de TV do partido) e dizendo que ela mente. Era uma coisa muito forte. E fiquei muito preocupado.
Ou seja: Lula endossou a crítica mais frequente feita pela oposição à Dilma. Reconheceu que ela mexeu no direito dos trabalhadores. E que mentiu ao dizer que não faria ajuste fiscal. De resto, batizou o governo Dilma de “governo de mudos”. E censurou “a companheira” por não viajar para defender seu governo. Injustiça! Dilma tem viajado muito.
Para ilustrar as dificuldades enfrentadas pelo PT e por ele, Lula citou uma pesquisa de opinião pública aplicada em parte do ABC paulista, justamente onde o PT nasceu.
- Acabamos de fazer uma pesquisa em Santo André e São Bernardo, e a nossa rejeição chega a 75%. Entreguei a pesquisa para Dilma, em que nós só temos 7% de bom e ótimo — comentou Lula.
Lula relembrou uma recente conversa que teve com Dilma – e ao fazê-lo diante de pouco mais de 30 pessoas, foi, no mínimo, desleal com Dilma. Não se revela conversa com presidente.
- Eu fiz essa pergunta para Dilma: “Companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos ao Brasil?”. E ela não lembrava. Como nenhum ministro lembrava. Como eu tinha estado com seis senadores, e eles não lembravam. Como eu tinha estado com 16 deputados federais, e eles não lembravam. Como eu estive com a CUT, e ninguém lembrava.
Lula deu um tiro de bazuca no governo de sua companheira. Ele a criou. Ele a destrói.
20 de junho de 2015
Ricardo Noblat
Sua frase “Dilma e eu estamos no volume morto. O PT está abaixo do volume morto”, entrará certamente para a História da política recente do país como a mais emblemática do período de 12 anos e seis meses do PT no poder. Como Lula é um bom frasista, não se descarte a possibilidade de ele cometer ainda uma frase melhor.
A reunião de Lula com religiosos aconteceu anteontem, no Instituto Lula, em São Paulo. Contou com a presença de Gilberto Carvalho, ex-secretário da presidência da República no primeiro governo Dilma. Ligado aos chamados movimentos sociais, foi Gilberto que levou os religiosos para conversar com o ex-presidente.
Por sinal, a essa altura, depois da prisão dos presidentes das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, as duas maiores do país, e de novas revelações trazidas pelas edições de fim de semana das revistas VEJA e ÉPOCA, é possível que Lula viesse a admitir que não somente o PT está abaixo do “volume morto”, mas ele também.
O desabafo de Lula deve ter sido gravado. O que sugere isso é a citação de tantas frases com começo, meio e fim, além do colorido da fala costumeira de Lula. Ficará difícil para ele desmentir o que lhe foi atribuído. Quanto a Dilma... Só lhe restará o silêncio. E a indignação com o que disse seu criador.
Um dos momentos mais constrangedores para Dilma no desabafo de Lula é este, quase ao final do encontro do ex-presidente com os religiosos:
- Tem uma frase da companheira Dilma que é sagrada: “Eu não mexo no direito dos trabalhadores nem que a vaca tussa”. E mexeu. Tem outra frase, Gilberto, que é marcante, que é a frase que diz o seguinte: “Eu não vou fazer ajuste, ajuste é coisa de tucano”. E fez. E os tucanos sabiamente colocaram Dilma falando isso (no programa de TV do partido) e dizendo que ela mente. Era uma coisa muito forte. E fiquei muito preocupado.
Ou seja: Lula endossou a crítica mais frequente feita pela oposição à Dilma. Reconheceu que ela mexeu no direito dos trabalhadores. E que mentiu ao dizer que não faria ajuste fiscal. De resto, batizou o governo Dilma de “governo de mudos”. E censurou “a companheira” por não viajar para defender seu governo. Injustiça! Dilma tem viajado muito.
Para ilustrar as dificuldades enfrentadas pelo PT e por ele, Lula citou uma pesquisa de opinião pública aplicada em parte do ABC paulista, justamente onde o PT nasceu.
- Acabamos de fazer uma pesquisa em Santo André e São Bernardo, e a nossa rejeição chega a 75%. Entreguei a pesquisa para Dilma, em que nós só temos 7% de bom e ótimo — comentou Lula.
Lula relembrou uma recente conversa que teve com Dilma – e ao fazê-lo diante de pouco mais de 30 pessoas, foi, no mínimo, desleal com Dilma. Não se revela conversa com presidente.
- Eu fiz essa pergunta para Dilma: “Companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos ao Brasil?”. E ela não lembrava. Como nenhum ministro lembrava. Como eu tinha estado com seis senadores, e eles não lembravam. Como eu tinha estado com 16 deputados federais, e eles não lembravam. Como eu estive com a CUT, e ninguém lembrava.
Lula deu um tiro de bazuca no governo de sua companheira. Ele a criou. Ele a destrói.
20 de junho de 2015
Ricardo Noblat
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