"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 20 de junho de 2015

ASCENSÃO E QUEDA DO FUTEBOL BRASILEIRO (E TAMBÉM DO PT)




O título, claro é inspirado na obra monumental de William Schirer sobre o nazismo na Alemanha, mas, creio, se adapta a uma série infindável de situações. Uma delas aplica-se bem ao futebol brasileiro, como ficou demonstrado na noite de anteontem, quando perdemos para a Colômbia. Outra ajusta-se como uma luva no papel desempenhado pelo PT no governo do país. Quanto a este fato, fica ele flagrante na reportagem de Fernanda Krakovics, Geralda Doca, Simone Iglésias, Luiza Damé, Cristiane Jungblut e Catarina Alencastro, edição de ontem de O Globo. Dilma Rousseff decidiu vetar o projeto aprovado pelo Congresso que, na verdade, não eliminava mais reduzia o chamado fator previdenciário. Ficou de enviar nova medida provisória alterando novamente o sistema previdenciário. Vamos por etapas, primeiro focalizando o futebol.
O futebol brasileiro teve sua ascensão internacional iniciada no distante 1952, quando a Seleção conquistou o Panamericano de Santiago do Chile, derrotando o Uruguai por 4X2, e o Chile, na final por 3X0. Resgatamos assim, em parte a derrota, na final de 50, ocasião em que perdemos a Copa do Mundo para o Uruguai por 2×1, no Maracanã. A ascensão seria interrompida em 54, mas retomada nas jornadas heroicas de 58 e 62. Interrupção em 66, porém volta ao pódio mundial em 70 com a Seleção de Ouro. O futebol brasileiro voltaria a se consagrar em 94 e 2002, tornando-se o único país a se tornar pentacampeão.
Nessa trajetória não posso esquecer a contribuição extraordinária do meio campo Zito, do Santos, que no início desta semana viajou para a eternidade. Desnecessário lembrar Pelé e Garrincha, Gerson e Tostão. Mas Zito foi um inovador. Era um meio campo que atacava tão bem quanto defendia e tal característica tornou-se essencial para o futebol moderno.
DESASTRE FRENTE À COLÔMBIA
Feita a lembrança em homenagem ao passado, voltamos ao presente. Um desastre. A atuação do selecionado frente a Colômbia foi vergonhosa. Somente superada pelos mais vergonhosos ainda 7X1 diante da Alemanha na Copa de 2014. Assim constatamos que o futebol brasileiro regrediu em técnica, tática, espírito de luta, amor a camisa. Exatamente ao contrário do desempenho uruguaio quando nos derrotou no Estádio Mário Filho na final de 1950.
A melancólica atuação frente à Colômbia nos conduz ao sentido inverso do que éramos antigamente no futebol. Tenho a impressão, inclusive que contratos milionários que deixam dúvidas, e as corrupções na CBF e na FIFA, descobertas – vejam só – pelo FBI e pela Secretaria de Justiça dos Estados Unidos abalaram o sentimento de heroísmo e grandeza que devem prevalecer nas disputas e nos gramados do Brasil e do mundo em geral.
Francamente, imaginar uma intervenção internacional para prender acusados é uma vergonha para as nações atingidas. No caso do nosso país, principalmente, pois as contradições bloquearam investigações que se faziam necessárias. Sobretudo em relação à venda dos direitos de transmissão e de publicidade envolvendo o selecionado que deixou de ser de ouro. A corrupção abalou o esporte. Recuperar o futebol brasileiro tornou-se uma missão difícil.
A QUEDA DO PT NO GOVERNO DILMA
O Partido dos Trabalhadores, a exemplo do futebol, teve sua fase de ascensão, sem dúvida. Tanto assim que, com Lula à frente venceu quatro eleições presidenciais seguidas. Mas agora entrou em franco declínio, em decorrência da avassaladora corrupção na Petrobrás e de medidas impopulares assumidas pela presidente Dilma Rousseff a exemplo do veto à diminuição do fator previdenciário herdado de FHC e não corrigido ao longo de 12 anos.
Esta regressão de princípios, confirmada pelo tempo, foi estendida agora pelo menos por um período de mais quatro exercícios. Apesar das reações fortemente contrárias, partidas tanto da CUT quanto da Força Sindical. A contradição se acentua quando se lembra dos compromissos assumidos na campanha pela candidata à reeleição e negados pela presidente no seu segundo mandato conquistado nas urnas do ano passado. Não bastassem tais contradições, ela comprometeu-se a implantar um novo fator previdenciário para aposentadoria dos trabalhadores.
Escrevo este artigo na manhã de quinta-feira, e as novas regras estão sendo aguardadas para a noite. Vamos esperar para analisa-las. Entretanto, elas só podem ser mais rígidas do que aquelas contidas na emenda que vetou. Pois, caso contrário não teria vetado a matéria. Confirmada esta impressão, será mais um recuo do Executivo em relação ao seus eleitores e leitoras. O processo de ascensão e queda, ao que tudo indica continuará em sua fase de declínio, atingindo ainda mais a popularidade alcança nas urnas e perdida nas ruas do país.

20 de junho de 2015
Pedro do Coutto

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