"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

COPA DO MUNDO

Legado de infraestrutura do Mundial deixa a desejar, mas evento foi bem avaliado por estrangeiros e representa chance de expandir turismo

Dois fatores são sempre mencionados quando se trata de defender a realização de um grande evento esportivo, como a Copa do Mundo: o estímulo para melhorar a infraestrutura do país e a oportunidade de expandir o turismo.

No caso brasileiro, como se sabe, o primeiro desses aspectos deixou a desejar. Das 167 obras prometidas, apenas 88 foram concluídas a tempo, enquanto 45 foram entregues incompletas, segundo levantamento desta Folha. Outras 23 ficaram para depois do Mundial, e 11 terminaram abandonadas.

O descumprimento do cronograma não é o único problema. Afora melhorias em aeroportos --que dificilmente ocorreriam de outra maneira-- e ampliação do sistema de mobilidade em algumas cidades-sede, muito do legado limita-se a intervenções destinadas a facilitar a vida de quem vai aos estádios.

Ou seja, se os gastos governamentais chegam a R$ 29,3 bilhões, nem por isso o brasileiro verá investimentos dessa monta no setor de infraestrutura propriamente dita. Basta lembrar que as arenas, muitas das quais terão pouca serventia, custaram R$ 8,5 bilhões.

A situação é muito mais alvissareira no campo do turismo. Segundo pesquisa Datafolha, a imagem que os estrangeiros levam do Brasil é das melhores possíveis.

O levantamento realizado em seis capitais (Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) constatou que, aos olhos desses hóspedes, os anfitriões da Copa são vistos como simpáticos (para 98%) e receptivos (95%); 95% consideraram ótima ou boa a hospitalidade dos brasileiros, e 84% fizeram esse juízo acerca de nossas atrações turísticas.

Sobraram elogios até para a segurança e o transporte, mas o custo de vida, os preços dos hotéis e a qualidade do ambiente urbano despertaram menos entusiasmo.

Ainda que o universo da pesquisa não represente o total de estrangeiros no país durante a Copa, a resposta dos entrevistados é sinal inequívoco de que o Brasil passou com folga nesse teste: a organização do Mundial foi bem avaliada por 83% deles, e 51% viram a realidade superar suas expectativas.

É preciso explorar esse sentimento. Pelas contas do governo, 1 milhão de estrangeiros de 203 nacionalidades visitaram o país na Copa --e, na pesquisa Datafolha, 61% disseram vir pela primeira vez.

A cifra é expressiva; representa, em apenas 30 dias, um sexto do total registrado em 2013. Melhor ainda, os meses de junho e julho costumam estar entre os que contabilizam menos estrangeiros, em torno de 350 mil cada um.

A entrada de turistas de outros países já vinha crescendo nos últimos anos. O sucesso da Copa, dentro e fora de campo, pode fazer esse fluxo aumentar ainda mais. Espera-se que o governo esteja atento a esse legado imaterial.

 
18 de julho de 2014
Editorial Folha de SP

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