Graças à existência de um fator chamado massa crítica a presidente Dilma Rousseff pode comemorar a realização de uma Copa do Mundo muito bem-sucedida, mesmo tendo o Brasil levado uma lavada histórica dentro de campo e fora dele o governo deixado de cumprir boa parte dos compromissos assumidos em relação ao “legado” de infraestrutura.
Expectativa lá embaixo, resultado lá no alto.
Houve improvisos, houve atrasos, houve superfaturamento e isso está demonstrado nos números, seja pela quantidade de obras que ficaram pelo caminho ou que ainda não foram entregues, seja pelos custos muito superiores aos previstos. Tudo isso foi apontado e o conjunto da ópera não autorizava ninguém a fazer uma previsão otimista.
Saiu tudo muitíssimo melhor que a encomenda? Ótimo. A ninguém satisfaria hoje contabilizar desastres e lamentar episódios que pudessem nos transformar em objeto de vergonha mundial. O sentimento de regozijo é compartilhado como se pode constatar em todos os veículos de comunicação.
Não há, portanto, razão para a presidente da República dizer, como se fosse marechal de espada em punho diante do batalhão, que derrotou os “pessimistas”.
Não houve derrotados porque ninguém estava disputando coisa alguma; nem havia pessimistas, mas uma imprensa, no Brasil e no mundo, acompanhando os preparativos com olhos realistas e espírito crítico aguçado. Como deve ser. Diferente ocorreu na área da imprensa esportiva onde, salvo as exceções de praxe, imperou o otimismo. Cronistas mais experientes mantiveram-se com o regulamentar pé atrás. Mas, no geral, o tom foi de submissão aos ditames do “comando”.
A convocação do time aceita sem contestações e o mantra “já estamos com a taça na mão”, agora analisado como sinal de prepotência, abraçado com naturalidade. De que adiantou mesmo tanto otimismo? Não se construiu nada com ele. Só uma expectativa lá no alto para um resultado lá embaixo.
Nem por isso é cabível dizer que houve “derrota dos otimistas”. Não disputavam. Talvez tenham apenas se intimidado de ir contra corrente e, assim, passarem a integrar o índex dos “pessimistas” aos quais parecia haver certa obrigação de fazer um contraponto.
Tudo normal se a gente entender que a benevolência do elogio não garante êxito nem tampouco o exercício da crítica contundente significa aposta no fracasso.
Contraste. O estado de espírito da presidente Dilma Rousseff em ambientes fechados é muito diferente daquele exibido quando exposta ao público. Que o digam os sorrisos durante a cerimônia do balanço da Copa em contraposição ao semblante fechado no Maracanã. Em nada parecia a representante de um país cuja alegria da população era celebrada como um dos trunfos dessa Copa.
Gente bronzeada. Você conhece alguém que já foi “pesquisado” sobre intenção de voto? A pergunta é recorrente, decerto pela dimensão reduzida da amostragem em relação ao universo ao nosso lado.
Já a pesquisa sobre o grau de satisfação dos visitantes estrangeiros com a Copa é de facílima constatação. Não só pelo amplamente noticiado, mas pelas histórias que cada um tem para contar comprovando a aprovação de 95% sobre a hospitalidade brasileira apontada na pesquisa do Datafolha.
A minha veio da Austrália. Um grupo de 10 jovens, cujas impressões bem resumidas são as seguintes: paisagem impecável, comida esplêndida e variada (só detestaram goiabada, mas adoraram churrascarias rodízio), povo de primeira no quesito amabilidade, moças lindas e rapazes “muito abusados”.
No dia da final, vestidos com a camisa da Austrália, verde-amarela como a do Brasil, foram hostilizados por argentinos e, se antes estranhavam a torcida contra, saíram daqui entendendo perfeitamente a razão da pinimba.
Expectativa lá embaixo, resultado lá no alto.
Houve improvisos, houve atrasos, houve superfaturamento e isso está demonstrado nos números, seja pela quantidade de obras que ficaram pelo caminho ou que ainda não foram entregues, seja pelos custos muito superiores aos previstos. Tudo isso foi apontado e o conjunto da ópera não autorizava ninguém a fazer uma previsão otimista.
Saiu tudo muitíssimo melhor que a encomenda? Ótimo. A ninguém satisfaria hoje contabilizar desastres e lamentar episódios que pudessem nos transformar em objeto de vergonha mundial. O sentimento de regozijo é compartilhado como se pode constatar em todos os veículos de comunicação.
Não há, portanto, razão para a presidente da República dizer, como se fosse marechal de espada em punho diante do batalhão, que derrotou os “pessimistas”.
Não houve derrotados porque ninguém estava disputando coisa alguma; nem havia pessimistas, mas uma imprensa, no Brasil e no mundo, acompanhando os preparativos com olhos realistas e espírito crítico aguçado. Como deve ser. Diferente ocorreu na área da imprensa esportiva onde, salvo as exceções de praxe, imperou o otimismo. Cronistas mais experientes mantiveram-se com o regulamentar pé atrás. Mas, no geral, o tom foi de submissão aos ditames do “comando”.
A convocação do time aceita sem contestações e o mantra “já estamos com a taça na mão”, agora analisado como sinal de prepotência, abraçado com naturalidade. De que adiantou mesmo tanto otimismo? Não se construiu nada com ele. Só uma expectativa lá no alto para um resultado lá embaixo.
Nem por isso é cabível dizer que houve “derrota dos otimistas”. Não disputavam. Talvez tenham apenas se intimidado de ir contra corrente e, assim, passarem a integrar o índex dos “pessimistas” aos quais parecia haver certa obrigação de fazer um contraponto.
Tudo normal se a gente entender que a benevolência do elogio não garante êxito nem tampouco o exercício da crítica contundente significa aposta no fracasso.
Contraste. O estado de espírito da presidente Dilma Rousseff em ambientes fechados é muito diferente daquele exibido quando exposta ao público. Que o digam os sorrisos durante a cerimônia do balanço da Copa em contraposição ao semblante fechado no Maracanã. Em nada parecia a representante de um país cuja alegria da população era celebrada como um dos trunfos dessa Copa.
Gente bronzeada. Você conhece alguém que já foi “pesquisado” sobre intenção de voto? A pergunta é recorrente, decerto pela dimensão reduzida da amostragem em relação ao universo ao nosso lado.
Já a pesquisa sobre o grau de satisfação dos visitantes estrangeiros com a Copa é de facílima constatação. Não só pelo amplamente noticiado, mas pelas histórias que cada um tem para contar comprovando a aprovação de 95% sobre a hospitalidade brasileira apontada na pesquisa do Datafolha.
A minha veio da Austrália. Um grupo de 10 jovens, cujas impressões bem resumidas são as seguintes: paisagem impecável, comida esplêndida e variada (só detestaram goiabada, mas adoraram churrascarias rodízio), povo de primeira no quesito amabilidade, moças lindas e rapazes “muito abusados”.
No dia da final, vestidos com a camisa da Austrália, verde-amarela como a do Brasil, foram hostilizados por argentinos e, se antes estranhavam a torcida contra, saíram daqui entendendo perfeitamente a razão da pinimba.
18 de julho de 2014
Dora Kramer, O Estadão
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