A ideia de popularizar livros simplificando a linguagem empregada pelo autor, com a finalidade de angariar leitores jovens, ensejou opiniões elogiosas e desfavoráveis. A meu juízo, há elementos a considerar: quem fará a adaptação, quem e como serão escolhidas as destinações e a quem compete escolher as obras e autores a serem trabalhados. Se a operação fosse confiada a um Monteiro Lobato, por exemplo, a aprovação seria tranquila.
Contudo, nada se sabe a respeito, salvo que a obra escolhida, foi Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Do autor tudo o que se disser será pouco, pois é a figura mais representativa das boas letras entre nós e a obra escolhida por muitos considerada a mais original. Como foi dito e é sabido, o projeto se destinava a afeiçoar jovens jejunos ao gosto da leitura; daí a ideia de tornar mais agradável a leitura.
De resto, Memórias Póstumas de Brás Cubas guarda certa unidade mesmo no conjunto de sua produção romanesca. Não tem antecedentes. É sem paralelo, singular em tudo e por tudo. A vernaculidade dá as mãos à simplicidade. Mas os livros de Machado de Assis, em regra, não têm palavras vadias e dispensáveis. É o mais complexo dentre seus nove romances. Sua escolha não me parece a mais feliz; seria desfazer o primoroso a pretexto de facilitar a leitura de jovens jejunos, o que, é duvidoso.
Outrossim, o autor nele meteu “algumas rabugens de pessimismo” e, “com a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, qualidades que se não podem alterar, ao compor o livro famoso. Mas não é só. Leiam-se os termos da dedicatória do autor, “ao verme que primeiro roer as frias carnes do meu cadáver dedico…” e as últimas do livro, “não tive filhos, a ninguém transmiti a miséria do nosso legado”. Tenho dúvidas se seria a melhor leitura para jovens passarem a estimar as boas letras.
Vale lembrar que Machado era filho de uma lavadeira e não precisou ler obras “modificadas” para chegar aonde chegou.
Contudo, nada se sabe a respeito, salvo que a obra escolhida, foi Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Do autor tudo o que se disser será pouco, pois é a figura mais representativa das boas letras entre nós e a obra escolhida por muitos considerada a mais original. Como foi dito e é sabido, o projeto se destinava a afeiçoar jovens jejunos ao gosto da leitura; daí a ideia de tornar mais agradável a leitura.
De resto, Memórias Póstumas de Brás Cubas guarda certa unidade mesmo no conjunto de sua produção romanesca. Não tem antecedentes. É sem paralelo, singular em tudo e por tudo. A vernaculidade dá as mãos à simplicidade. Mas os livros de Machado de Assis, em regra, não têm palavras vadias e dispensáveis. É o mais complexo dentre seus nove romances. Sua escolha não me parece a mais feliz; seria desfazer o primoroso a pretexto de facilitar a leitura de jovens jejunos, o que, é duvidoso.
Outrossim, o autor nele meteu “algumas rabugens de pessimismo” e, “com a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, qualidades que se não podem alterar, ao compor o livro famoso. Mas não é só. Leiam-se os termos da dedicatória do autor, “ao verme que primeiro roer as frias carnes do meu cadáver dedico…” e as últimas do livro, “não tive filhos, a ninguém transmiti a miséria do nosso legado”. Tenho dúvidas se seria a melhor leitura para jovens passarem a estimar as boas letras.
Vale lembrar que Machado era filho de uma lavadeira e não precisou ler obras “modificadas” para chegar aonde chegou.
27 de maio de 2014
Paulo Brossard, Zero Hora
Nenhum comentário:
Postar um comentário