"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 6 de abril de 2014

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Relatório da CPI da Espionagem desmoraliza discurso de Dilma sobre “Brasil que sabe se proteger”
 
Alvo de ações de investidores da Petrobras e Eletrobras, demolindo a imagem marketeiramente construída de “gerentona”, Dilma Rousseff (Presidenta da República) deve se preparar para sofrer uma nova desmoralização pública de seus conceitos equivocados, na quarta-feira que vem, dia 9 de abril. A divulgação oficial das 301 páginas do relatório final da CPI da Espionagem vai derrubar a tese de que “o Brasil sabe se proteger” - defendida por Dilma, em setembro passado na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Curiosamente, quem antecipa o conteúdo da conclusão da CPI é a agência Thompson Reuters.

"Os acontecimentos que motivaram esta CPI assinalam (...) o despreparo do poder público no Brasil para fazer frente às ações de inteligência de outros governos e organizações". A partir desta conclusão no relatório da Comissão, o Senado propõe que seja elaborada uma lei que determine o fornecimento de dados de cidadãos e empresas nacionais a organismos no exterior apenas mediante autorização judicial. A sugestão é absolutamente ingênua, uma vez que a espionagem transnacional, feita por governos ou empresas privadas, não vai parar por mera imposição de uma ingênua legislação tupiniquim.

A CPI no Senado foi instalada em setembro do ano passado, depois de uma série de reportagens do jornal O Globo, com revelações de espionagem no Brasil pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA). A denúncia se baseou em documentos vazados pelo famoso Edward Snowden, ex-funcionário da transnacional de informações Booz-Allen – que prestava serviços para a NSA norte-americana. Não foi à toa que o principal alvo da espionagem, além de Dilma, foi a Petrobras – de onde agora vazam mais denúncias que o casco avariado de um PTitanic afundando no mar de lama. O Rosegate, na Operação Porto Seguro, também tem muito vazamento de informação feita lá por fora... Idem a recente Operação Lava Jato...

Produzido com a visão antiamericana, pois a CPI foi pedida pela senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), sendo relatada pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), o relatório da CPI recomenda que o Brasil "desenvolva mecanismos de proteção do conhecimento e de segurança cibernética". A conclusão da CPI pede quatro grandes linhas de atuação: tecnológica, pessoal, processual e institucional. O probleminha é que os senadores produziram, como anexo, um ingênuo projeto de lei que exige autorização judicial prévia para o acesso por autoridades e organismos internacionais a dados de brasileiros e empresas nacionais. Nossa lei não revogará a espionagem transnacional – algo tão antigo quanto a prostituição e a corrupção...

O relatório vai advertir: "Um dos principais problemas apurados por esta CPI diz respeito à falta de controle e de transparência a respeito das requisições de dados de pessoais naturais e jurídicas brasileiras por autoridades governamentais e tribunais estrangeiros. Com este projeto de lei do Senado, espera-se suprir essa lacuna e permitir que o Poder Judiciário brasileiro exerça o controle necessário sobre esses procedimentos, divulgando de forma transparente essas requisições".

A CPI sugere a construção de cabos submarinos que não passem pelos EUA, o lançamento de satélite brasileiro e o desenvolvimento de tecnologia nacional. A Comissão também critica a falta de investimentos na Agência Brasileira de Inteligência. Dos quase R$ 530 milhões previstos para a Abin em 2012, R$ 467,2 milhões tinham como destinação gastos com pessoal e encargos sociais. Outros R$ 55,7 milhões iam para outras despesas correntes. Apenas R$ 4,9 milhões para investimentos em atividades de inteligência.

O lamentável é que tal relatório servirá para nada no atual desgoverno – sobre o qual os adversários também lançam suspeitas de praticar espionagens locais, invadindo computadores e fazendo interceptações telefônicas sem completo respaldo legal. Enquanto isso, a espionagem transnacional vai vazar muito mais imundície cometida pela turma da República Sindicalista do Brasil, seus comparsas políticos, empresariais e nos fundos de pensão de “estatais” – todos alvos de investigações pelo Ministério Público Federal.

Articulando


Conflito de interesses

Também alvo de ações movidas por investidores da Petrobras, junto com a companheira Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a repetir, ontem, um arsenal de fantasias sobre a Petrobras.

Mantega, que preside o conselho de administração da estatal, mesmo sendo ministro da Fazenda, voltou a alegar que a falsa tese de que as decisões sobre reajustes ou não nos preços dos combustíveis são tomadas pela “diretoria da empresa” – e não pelo acionista majoritário, o governo da União:

“A Petrobras tem reajustado combustíveis nos últimos anos. A questão é que nós tivemos uma desvalorização do real, então, fica mais difícil se alinhar com os preços internacionais. Mas não deixou de fazer reajustes. Eu não falo de reajustes, isso é a diretoria que decide, mas a Petrobras tem feito uma boa prática”.

Bronca do Aécio

O Governo está PT da vida com o presidenciável tucano Aécio Neves, porque ele elegeu a Petrobras como alvo preferencial de ataques aos petistas.

Por isso, Mantega resolveu defender a presidenta Dilma dos ataques de leniência com a inflação, e a Petrobras das suspeitas de correr risco de insolvência:

“A Petrobras é hoje pelo menos 10 vezes mais forte do que era na época em que o governo do senador Aécio cuidava dela. Vale muito mais do que valia. A partir deste ano, a produção começa a aumentar 7,5% e vai continuar crescendo, assim como o faturamento. Não há nenhum perigo de insolvência, muito pelo contrário, ela está sólida”.

Atravessou o samba

O Radar da Veja avacalhou ontem que Dilma Rousseff cometeu uma gafe, mais uma, durante a cerimônia de transferência do Galeão para a iniciativa privada, ao declamar o belíssimo Samba do Avião, de Tom Jobim, quase chorando:

“Esse ‘Samba do Avião’ faz uma ligação entre o Brasil de hoje e o Brasil de ontem porque o ‘Samba do Avião’ descreve a chegada no Brasil, e em especial no Galeão, dos brasileiros que voltavam ao Brasil após a Anistia, alguns após 21 anos de exílio, outros menos do que isso, mas essa é a realidade; o ‘Samba do Avião’ é isso. É de fato, e nessa semana é um momento especial, uma homenagem aos exilados”.

Probleminha, lembrado pela Veja, é que o ‘Samba do Avião’ foi lançado em 1962, dois anos antes do tal golpe de 1964 – nada tendo a ver com exilados.

Gravação correta



O Samba do Avião teve as primeiras gravações com Elza Laranjeira e Cauby Peixoto, em 1962.

A canção de Tom que remete aos exilados é ‘Sabiá,’ parceria dele com Chico Buarque, de 1967.

Diz a letra: “Vou voltar/Sei que ainda vou voltar/Para o meu lugar”.

Problema da Anistia


Dilma também errou feio sobre o retorno dos exilados.

Eles não voltaram ao “Brasil após 21 anos de exílio”.

Voltaram bem antes, 15 anos após, 1979, graças à Lei de Anistia de 1979 – que a turma de revanchistas gostaria de agora revogar, mesmo ao arrepio de uma cláusula pétrea na Constituição de 1988.

Processo à vista

Fabricar uma impunidade para o escândalo da refinaria Pasadena será uma jogada quase impossível para o desgoverno petralha.

Investidores que representam no Ministério Público Federal contra Dilma e Mantega listaram pelo menos nove atos ilícitos bem evidentes contra os presidentes do Conselho de Administração da Petrobras.

Na tensa véspera da campanha à reeleição, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, tem evidências de sobra para processar Dilma e Mantega no foro privilegiado do Supremo Tribunal Federal.

Se o representante máximo do Ministério Público se omitir ou for negligente, investidores vão propor uma ação penal subsidiária da pública, para fazer as coisas se resolverem, sem a costumeira impunidade tupiniquim...

Releia: STF decreta impeachment de Dilma se acatar denúncia do MPF contra ela e Mantega no Pasadenagate


Pobre reeducando inválido


MEC do atraso

A UniverCidade mantinha uma série de obras verdadeiramente sociais e totalmente gratuitas que foram desarticuladas ou fechadas pela ação do MEC contra o grupo Galileo (que assumiu a instituição com a anuência do mesmo Ministério da Educação que o detonou).

Em 2012, a Clínica Escola de Fisioterapia registrou 48.600 atendimentos gratuitos beneficiando a população pobre, inclusive de muitos municípios cujas prefeituras transportavam pacientes em suas ambulâncias, até que o serviço foi suspenso pela Galileo, que não pagou o aluguel das instalações.

O Núcleo de Cidadania na Favela de Rio das Pedras — há cinco anos administrado pela professora Cláudia Franco Corrêa, apontado pela Columbia University como modelo de pesquisa social em comunidades carentes — ainda está ativo, à mercê de doações.

E a Escola Meninos de Luz na Favela do Pavão e Pavãozinho, projeto social da professora Yolanda Maltaroli, precisa encontrar outros parceiros.

Coitado do reeducando Zé


Piada séria contra os causídicos

Circula na internet uma piadinha, muito séria, relatando uma suposta acareação entre um policial e um advogado que resolveu apertá-lo, durante uma audiência em uma vara criminal, em São Paulo:

Advogado: Você viu o réu fugir da cena do crime?
Policial: Não, senhor. Mas eu o vi a algumas quadras do local do crime e o prendi como suspeito, pois ele se trajava conforme a descrição dada do criminoso.

Advogado: E quem forneceu a descrição do criminoso?
Policial:   O policial que chegou primeiro ao local do crime.

Advogado: Um colega policial forneceu as características do suposto criminoso. Você confia nos seus colegas policiais?
 

Policial: Sim, senhor. Confio a minha vida...

Advogado: A sua vida?  Pois bem, então diga-nos se na sua delegacia tem um vestiário onde vocês trocam de roupa antes de sair para trabalhar...

Policial:  Sim, senhor, temos um vestiário.

Advogado:  E vocês trancam a porta com chave?
Policial:  Sim, senhor, nós trancamos.

Advogado: E o seu armário, você também o tranca com cadeado?
Policial: Sim, senhor, eu tranco.

Advogado: Por que, então, policial, você tranca seu armário, se quem divide o vestiário com você são colegas a quem você confia sua vida?
Policial:  É que nós estamos dividindo o prédio com o Tribunal de Justiça, e algumas vezes nós vemos advogados andando perto do vestiário...

Gargalhada geral, inclusive do Juiz, que foi obrigado a suspender a sessão....

Palhaços do mundo, uni-vos

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

06 de abril de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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