"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 4 de março de 2014

VENEZUELA: O INÍCIO DO FIM DA TIRANIA BOLIVARIANA


As manifestações que ocorrem desde o mês de fevereiro, na Venezuela, é prova incontestável de que o chavismo está com seus dias contados. Lamentável que a grande imprensa brasileira esteja mais preocupada com o que se passa na Ucrânia do que o movimento libertador dos jovens venezuelanos.
 
O povo venezuelano está farto dos discursos de Nicolás Maduro, um ex-motorista de ônibus, tosco e semianalfabeto, que governa o país sob à tutela das Forças Armadas.
 
A tal de revolução bolivariana, seja lá o que for isso, não passa de regime de força, truculento e fascista que eliminou todos os canais de intermediação democrática, desde partidos  oposicionistas à mídia livre e independente.
O apoio que resta ao governo vem dos setores pobres da população, que sobrevivem com subsídios governamentais, às custas de uma economia em decadência e com inflação acima dos 50% ao ano.
 
 
O desabastecimento, inclusive de produtos de consumo diário, está provocando invasões e saques a supermercados por toda Venezuela. Não há o que comprar, nem mesmo produtos de primeira necessidade como papel higiênico. E, por consequência não há o que comer.
 
Apenas as classes favorecidas pelo regime conseguem abastecer suas despensas, como os militares superiores, os políticos do partido do governo, os empresários aliados do chavismo e a alta burocracia estatal.
 
A dívida externa do país é impagável a curto e médio prazos. O setor produtivo ou o que restou dele está estagnado, sem mercado interno e sem perspectivas  para um futuro próximo. Os petrodólares são que sustentam os desvarios de um presidente que dorme ao lado do cadáver de Chávez, conversa com um passarinho que incorporou o comandante e que costuma se apresentar em público com blusas espalhafatosas.
 
Com uma linguagem de beira-de-estrada, Maduro não encanta nem mesmo os fiéis seguidores do chavismo, pois já ocorrem divisões no estamento militar e entre políticos influentes como Diosdado Cabello, um ex-militar corrupto que preside a Assembleia da República. O pouco de apoio que Cabello empresta a Maduro decorre do fato de que se um for colocado para escanteio, o outro vai no embalo.
 
Chávez acreditava que depois de sua morte o chavismo somente se sustentaria com a repartição do poder: de um lado, Maduro com origem no sindicalismo e apoiado por Cuba, e de outro Cabello com origem na área castrense e com ligações políticas e comerciais com o patronato venezuelano.
 
Os escalões médios e a soldadesca mantêm-se firme ao lado do regime pelos constantes aumentos dos soldos, bem acima dos barnabés do setor público. Mas já se nota um desconforto da jovem oficialidade, até mesmo algumas clivagens.
 
Os órgão de informação da Venezuela encontram-se sob o controle de militares cubanos. As milícias, com treinamento em Cuba, fazem o trabalho sujo: montados em motocicletas, sempre em dois, infernizam a vida dos manifestantes, reprimindo e  até mesmo assassinando o povo nas ruas.
 
A principal voz das oposições, Henrique Capriles, perdeu espaço pelo seu  perfil conciliador. Capriles quer uma transição pacífica e com eleições livres, mas sob a regência de Maduro. Como o poder detesta o vácuo, Leopoldo López, o jovem e rico ex-prefeito de Chaco, é o rosto de uma nova Venezuela, sem Maduro e sem o tal do socialismo para o século XXI, um arremedo ideológico que não faz qualquer sentido nos tempos atuais.
Na verdade, pura idiotia saída da cabeça prejudicada de Hugo Chávez.
 
Mais radical do que Capriles, Leopoldo Lopez pode ser o condutor de uma virada política e econômica na Venezuela. Lopez agrega não somente as diversas frações de classe do país, como também conta com o apoio externo.
Lopez obteve formação acadêmica em universidade americana e, pela juventude e por ser um professor universitário que é admirado pelos alunos, seria o nome ideal para assumir o poder com a queda do chavismo.
 
Há indícios de que a jovem oficialidade das três forças singulares estão se afastando dos comandos, motivada pelo o alto nível de corrupção dos comandantes e pela influência desmedida de Cuba em assuntos internos da corporação. Além de repudiarem a utilização de milícias, que não passam de verdadeiros assassinos de aluguel. Há luzes no fim do túnel.
 
04 de março de 2014
Nilson Borges Filho (*)
in aluizio amorim
(*) Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em direito e articulista colaborador deste blog.

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