Hoje, com 72 anos de idade, vi e vivi com intensidade diversos momentos de nossa história recente, além de ter convivido com vários personagens citados. Por exemplo, João Goulart era excelente figura humana, mas não defendia qualquer posição ideológica. Nasceu fazendeiro (no Brasil) e morreu fazendeiro (no Uruguai), onde o visitei pessoalmente.
João Pinheiro Neto, que Ministro do Trabalho e também presidente da Superintendência da Política Agrária (Supra), no governo de João Goulart, advogado, também era magnífica pessoa. Culto, fiel a seus amigos.
No que diz respeito a Roberto Campos é necessário que se estude sua vida de modo imparcial, pragmático, deixando de lado as críticas de políticos que, na realidade, tinham inveja e medo de sua inteligência e preparo. Ele, quando dirigia o BNDE (hoje BNDES) sempre foi correto nas aplicações de recursos do Banco. O BNDE do tempo dele não pode ser comparado ao BNDES de hoje quanto a aplicação dos recursos em projetos.
Naqueles tempos, o Brasil era completamente desacreditado no sistema financeiro internacional. O pouco respeito que tinham ao nosso país era devido a brasileiros como Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões (Membro da Delegação do Brasil à Conferência Monetária e Financeira de Bretton Woods, EUA – 1944) e poucos outros. Mostravam a cara no exterior para tentar justificar os erros do governo brasileiro.
FIEL A SI MESMO
Roberto Campos era pragmático, fiel a si mesmo e às suas ideias. Apesar de ter sido um dos ideólogos do Governo Collor, não titubeou em apoiar sua cassação no episódio de corrupção explícita no episódio PC Farias, tendo deixado o hospital onde estava internado com septicemia e comparecido de cadeira de rodas no Congresso Nacional para votar. Aliás, nessa reunião, as gravações das imagens mostram o comportamento alegre e esportivo de José Genoíno, muito diferente do Genoíno de hoje, réu do mensalão. É a vida.
Roberto Campos não foi compreendido em seu tempo e, em suas memórias, deixou escrita a frase: “Estive certo quando tive todos contra mim”. Eu, quando economista no BNDE (não tinha o “S”) era um dos que se opunham a ele. Errei muitas vezes. Dou minha mão à palmatória.
O tempo me ensinou a não fazer acusações “genéricas” contra as pessoas. Passei a dar importância aos fatos concretos.
OS MILITARES
Por exemplo, os militares. O Brasil deve sua extensão territorial aos militares. Desde que os portugueses aqui chegaram. A Amazônia passou a ser brasileira graças a um militar, Pedro Teixeira, capitão-mor da Capitania do Grão-Pará, que em 1637, chefiou uma expedição partindo do Maranhão, com 45 canoas, setenta soldados e mil e duzentos flecheiros e remadores indígenas subindo o curso do rio Amazonas.
Nessa viagem, ao fundar, no Rio Napo, abaixo da foz do rio Aguarico, uma povoação com o nome de Franciscana, fincou aí um marco. Este marco, acabou servindo de baliza divisória às terras de Portugal e Espanha. O Brasil passou a se estender além de Belém do Pará, limite do Tratado de Tordesilhas.
Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias (o único duque da história do Brasil) passou a vida lutando pela manutenção do espaço territorial brasileiro. Deodoro da Fonseca – este um injustiçado historicamente – na Guerra do Paraguai foi gravemente ferido. Recuperado dos ferimentos voltou ao campo de batalha. E muitos outros militares que dedicaram suas vidas ao Brasil.
Agora, infelizmente, parece que está na moda esquecer o que os militares fizeram pelo Brasil e falar mal deles.
Os militares são importantes para qualquer país. A Inglaterra, os Estados Unidos, a França, a China, a Índia, a Rússia e todas as demais potências sabem disso.
Especialmente para o Brasil, secularmente alvo da cobiça internacional e que tem muito a perder, os militares sempre serão importantes.
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