"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 4 de março de 2014

O NÓ DA EDUCAÇÃO

O país tem que se mostrar capaz de motivar os jovens no Ensino Médio, a ponto de fazê-los se interessar pelos conteúdos e de se manter em sala de aula.

Recém divulgado, o Censo da Educação Básica revela alguns aspectos promissores para o país, como o aumento do número de crianças em creches e pré-escolas e uma maior quantidade de alunos em instituições de tempo integral e na educação profissional.
Ao mesmo tempo, aponta uma evasão de proporções inquietantes no Ensino Médio, motivada principalmente pelo fato de muitos alunos continuarem nesse nível numa faixa de idade em que já deveriam estar na universidade.
 
Em consequência, a estimativa mais recente, de 2012, é que o Brasil tinha 1,5 milhão de jovens entre 15 e 17 anos fora da escola, o equivalente a toda a população de Porto Alegre. O país já demonstrou que é possível universalizar o acesso ao ensino no nível fundamental. Precisa agora estender o avanço ao Ensino Médio, evitando que um contingente tão expressivo de alunos acabe deixando a sala de aula antes do tempo.

Menos mal que, nessa faixa de idade, cada vez mais adolescentes estejam se encaminhando para a Educação de Jovens Adultos (EJA) e para a educação profissional, que na mais recente edição do Censo registrou uma expansão de 6% sobre o ano anterior.
Ainda assim, essa é uma etapa do ensino que precisa ser acompanhada muito de perto, pois é responsável pela formação de jovens prestes a ingressar no mercado de trabalho ou na universidade.
A qualidade do ensino ministrado nessa etapa tem relação direta com o padrão dos futuros universitários e com o nível de excelência da mão de obra das empresas, mostrando-se decisiva para os ganhos de competitividade. E é preciso considerar que essas alternativas não podem ser vistas simplesmente como substitutas do Ensino Médio.

Os dados do Censo, de 2012, demonstram que 98% das crianças entre 6 e 14 anos cursavam o ensino formal. Na faixa de 15 a 17 anos, porém, 15,8% não estudavam, o que exige uma ação firme da parte do poder público. Se foi possível atrair e reter a quase totalidade dos alunos do nível fundamental, o mesmo deve ocorrer na etapa posterior.
O país tem que se mostrar capaz de motivar os jovens no Ensino Médio, a ponto de fazê-los se interessar pelos conteúdos e de se manter em sala de aula. Nesta idade, os futuros profissionais precisam ser devidamente orientados sobre a importância de assegurarem mais qualificação para disputar o mercado de trabalho.

Alternativas como o turno integral, em ascensão no país, podem colaborar no esforço de retenção e qualificação de alunos, desde que alicerçadas em projetos pedagógicos coerentes. O nó da educação no Ensino Médio, porém, só será desfeito quando a escola contar com professores, condições materiais e conteúdos sintonizados com o que os alunos buscam nessa fase da vida.

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