Anuncia-se mais uma tentativa da presidente Dilma para conter a insatisfação em sua base parlamentar. Dessa vez, acolitada pelos três mosqueteiros da hora: Michel Temer, vice-presidente da República, Renan Calheiros, presidente do Senado, e Aloísio Mercadante, chefe da Casa Civil.
O foco da resistência é a bancada do PMDB na Câmara, explicando-se porque seu presidente, Henrique Eduardo Alves, foi excluído do núcleo empenhado em restabelecer a harmonia: senão incentivando, ele estaria convivendo muito bem com os rebeldes.
O diabo é que para acabar com as dissensões, Dilma só dispõe de uma iniciativa eficaz: dar mais ministérios ao PMDB, que tem 5, enquanto o PT tem 17. Pelo menos nas contas do líder Eduardo Cunha, capitão do time insurgente.
Para assegurar unidade em sua campanha pelo segundo mandato, a presidente acabará cedendo. Oferecerá mais pastas ao partido, provavelmente duas, ainda que ninguém arrisque supor exatamente quais. Pode ser Integração Nacional, Turismo, Cidades e outras.
O grave nessa tertúlia é verificar que tanto os que ameaçam com derrotas do governo em votações no Congresso, quanto a ameaçada Dilma, não estão nem aí para a eficiência do ministério. Importam menos os nomes que o PMDB indicará, pois permanecerão ao sol e ao sereno em termos de ação administrativa. Provavelmente só conhecendo o gabinete presidencial no dia da posse.
Em prol da reeleição, Dilma decidiu sacrificar 2014 em matéria de ação governamental. Depois, se vencer, será outra história. Poderá reformular de alto a baixo a equipe, selecionando os ministros por critérios de competência e compondo o ministério de seus sonhos.
Sem interferências partidárias. Claro que precisará do Congresso no segundo mandato, mas sem estar com o pescoço na guilhotina, como se encontra hoje. Disporá de maiores espaços para governar, quem sabe até livrando-se de parte da tutela do Lula.
Em suma, o embate ora verificado é meio de mentirinha, já que o PMDB e outros partidos da base oficial pressionam e forçam, mas jamais a ponto de abandonar o barco da reeleição. Ameaçam para valorizar-se e ampliar presença no governo apenas para utilizar a máquina administrativa nas eleições de outubro. O PT imagina manter a maior bancada na Câmara e o PMDB pretende reconquistar a posição.
04 de março de 2014
Carlos Chagas
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