Ou o Mercosul se une à União Europeia ou perderá sua última chance; e não sobreviverá a mais essa perda
Quando o mercado comum europeu nasceu, em 1993, o Mercosul, com dois anos de idade, já deveria estar falando e caminhando sozinho. Não foi o que se viu. Até hoje, engatinhamos com relação aos acordos comerciais, enquanto a União Europeia corre a passos cada vez mais largos, vencendo crises e se consolidando como o maior bloco econômico do mundo.
A União Europeia congrega 28 nações, 15 das quais compartilhando o euro. Em duas décadas, o bloco contabiliza acordos comerciais com 48 outros países, negociações com 84 futuros parceiros e estudos para abertura a mais cinco mercados.
Imaginem a complexidade de negociar em 24 línguas oficiais para fechar uma proposta única e que ainda precisa ser aceita pela contraparte!
Tudo fazia supor que, no Mercosul, seria mais fácil. Afinal, eram dois idiomas e apenas quatro vizinhos, antes do ingresso da Venezuela, em 2012. Ledo engano. O saldo desses 23 anos resume-se a três acordos de livre-comércio com Egito, Palestina e Israel, dos quais só o último está em vigor.
Durante esses anos, alguns setores da indústria temiam o livre mercado e o agronegócio se conten- tava com o crescente mercado interno. Ninguém pode esquecer que os acordos nascem de um gran- de consenso nacional. São obra de governo e iniciativa privada, em conjunto.
E o que nos anima agora é a unânime decisão da indústria, do agronegócio e do governo de não per- mitir que o Brasil opte, mais uma vez, pelo isolamento. Foi o que ficou muito claro na 7ª Cúpula Brasil - União Europeia, realizada no fim de semana passado em Bruxelas, na Bélgica.
Pela primeira vez, desde que teve início a discussão do acordo com a União Europeia, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reuniram-se com um presidente da República para reivindicar a urgente conclusão das negociações.
A presidente Dilma Rousseff recebeu o apoio dos empresários e mostrou-se determinada a encontrar solução rápida para os entraves existentes.
O Brasil vai buscar a adesão do Mercosul, mas sem ficar amarrado a ele. A data-limite para uma proposta comum é 7 de março próximo, quando saberemos se a Argentina se unirá ao Brasil, ao Paraguai e ao Uruguai, que já decidiram negociar em bloco com a União Europeia.
O mercado europeu representa 507 milhões de consumidores de elevada renda per capita, enquanto nosso único acordo vigente, com Israel, alcança uma população 98% menor.
Estima-se que o acordo da União Europeia com o Canadá, em fase de conclusão, vá aumentar em US$ 26 bilhões o comércio de bens entre eles. No caso do Brasil, calcula-se que o ganho seria em torno de US$ 30 bilhões já no primeiro ano de vigência do acordo.
As negociações do bloco europeu com os Estados Unidos, que começaram há menos de um ano, estão em estágio avançado. O mundo não será o mesmo depois da formação desse novo e poderoso bloco comercial. Estamos falando de 821 milhões de consumidores, 50% do PIB mundial e 30% das transações comerciais do planeta.
E as negociações não param aí. Somando o Acordo de Parceria Transpacífica, que reúne os EUA e mais 11 países, o livre-comércio terá tomado conta de dois terços da economia global.
Esse novo ambiente de negócios vai definir as novas regras do comércio mundial. Não pode um país, por mais forte que seja sua economia, concorrer com blocos. Sem acordos, não haverá mercados. Sem mercados, nossas exportações ficarão estagnadas. Nossos concorrentes estão se movimentando e ocupando espaços que poderiam ser nossos.
Se, por um lado, o livre-comércio nos desafia a buscar novas tecnologias para aumentar a competitividade, por outro só ele garante o acesso a um maior número de consumidores e a novas oportuni- dades de negócio, gerando emprego e renda.
Por tudo isso, a Cúpula de Bruxelas é um marco na condução da política comercial brasileira. O Brasil acordou. Agora, podemos acreditar na assinatura do primeiro acordo entre grandes. Ou o Mercosul se une ou perderá sua última chance. E não sobreviverá a mais essa perda.
Quando o mercado comum europeu nasceu, em 1993, o Mercosul, com dois anos de idade, já deveria estar falando e caminhando sozinho. Não foi o que se viu. Até hoje, engatinhamos com relação aos acordos comerciais, enquanto a União Europeia corre a passos cada vez mais largos, vencendo crises e se consolidando como o maior bloco econômico do mundo.
A União Europeia congrega 28 nações, 15 das quais compartilhando o euro. Em duas décadas, o bloco contabiliza acordos comerciais com 48 outros países, negociações com 84 futuros parceiros e estudos para abertura a mais cinco mercados.
Imaginem a complexidade de negociar em 24 línguas oficiais para fechar uma proposta única e que ainda precisa ser aceita pela contraparte!
Tudo fazia supor que, no Mercosul, seria mais fácil. Afinal, eram dois idiomas e apenas quatro vizinhos, antes do ingresso da Venezuela, em 2012. Ledo engano. O saldo desses 23 anos resume-se a três acordos de livre-comércio com Egito, Palestina e Israel, dos quais só o último está em vigor.
Durante esses anos, alguns setores da indústria temiam o livre mercado e o agronegócio se conten- tava com o crescente mercado interno. Ninguém pode esquecer que os acordos nascem de um gran- de consenso nacional. São obra de governo e iniciativa privada, em conjunto.
E o que nos anima agora é a unânime decisão da indústria, do agronegócio e do governo de não per- mitir que o Brasil opte, mais uma vez, pelo isolamento. Foi o que ficou muito claro na 7ª Cúpula Brasil - União Europeia, realizada no fim de semana passado em Bruxelas, na Bélgica.
Pela primeira vez, desde que teve início a discussão do acordo com a União Europeia, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reuniram-se com um presidente da República para reivindicar a urgente conclusão das negociações.
A presidente Dilma Rousseff recebeu o apoio dos empresários e mostrou-se determinada a encontrar solução rápida para os entraves existentes.
O Brasil vai buscar a adesão do Mercosul, mas sem ficar amarrado a ele. A data-limite para uma proposta comum é 7 de março próximo, quando saberemos se a Argentina se unirá ao Brasil, ao Paraguai e ao Uruguai, que já decidiram negociar em bloco com a União Europeia.
O mercado europeu representa 507 milhões de consumidores de elevada renda per capita, enquanto nosso único acordo vigente, com Israel, alcança uma população 98% menor.
Estima-se que o acordo da União Europeia com o Canadá, em fase de conclusão, vá aumentar em US$ 26 bilhões o comércio de bens entre eles. No caso do Brasil, calcula-se que o ganho seria em torno de US$ 30 bilhões já no primeiro ano de vigência do acordo.
As negociações do bloco europeu com os Estados Unidos, que começaram há menos de um ano, estão em estágio avançado. O mundo não será o mesmo depois da formação desse novo e poderoso bloco comercial. Estamos falando de 821 milhões de consumidores, 50% do PIB mundial e 30% das transações comerciais do planeta.
E as negociações não param aí. Somando o Acordo de Parceria Transpacífica, que reúne os EUA e mais 11 países, o livre-comércio terá tomado conta de dois terços da economia global.
Esse novo ambiente de negócios vai definir as novas regras do comércio mundial. Não pode um país, por mais forte que seja sua economia, concorrer com blocos. Sem acordos, não haverá mercados. Sem mercados, nossas exportações ficarão estagnadas. Nossos concorrentes estão se movimentando e ocupando espaços que poderiam ser nossos.
Se, por um lado, o livre-comércio nos desafia a buscar novas tecnologias para aumentar a competitividade, por outro só ele garante o acesso a um maior número de consumidores e a novas oportuni- dades de negócio, gerando emprego e renda.
Por tudo isso, a Cúpula de Bruxelas é um marco na condução da política comercial brasileira. O Brasil acordou. Agora, podemos acreditar na assinatura do primeiro acordo entre grandes. Ou o Mercosul se une ou perderá sua última chance. E não sobreviverá a mais essa perda.
01 de março de 2014
Kátia Abreu, Folha de SP
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