Ante dramas que afetam o mundo, apela-se, com frequência, à comunidade internacional. É o caso, no momento, da crise da Ucrânia e da guerra civil na Síria. A abrangência do termo, porém, impede cobrança de resposta efetiva deste ou daquele ente que se abriga sob o generoso guarda-chuva. Quando todos estão convocados, nenhum se sente singularmente comprometido.
A observação vem a propósito de decisão tomada pela governadora do Arizona, nos Estados Unidos. Jan Brewer vetou Projeto de Lei constrangedoramente discriminatório. Aprovada pelo Legislativo estadual, de maioria republicana (mesmo partido de Brewer), a medida autorizava donos de estabelecimentos comerciais a negar atendimento a gays e lésbicas. Na prática, criava cidadãos de duas categorias - de primeira e segunda classe.
Erra quem supuser que a iniciativa se deveu ao espírito democrático da governadora. Longe disso. Ela barrou o passo antigay depois que as principais ligas esportivas profissionais do país (futebol e basquete) tomaram posição contrária à controversa proposição. Elas ameaçaram o bolso - a parte mais sensível do corpo e também do estado: cortariam milhões de dólares que engordam a economia local.
O recado, embora velado, acendeu o alerta vermelho. A Liga Nacional de Futebol Americano (NFL), que programou o Superbowl de fevereiro de 2015 para o Arizona, reveria a decisão. Não há necessidade de muito esforço nem de exercícios matemáticos sofisticados para calcular o prejuízo se a intimidação fosse concretizada. Estima-se que o Superbowl de 2014 rendeu entre US$ 550 milhões e US$ 600 milhões em impactos econômicos para a região de Nova York.
É alentador tomar conhecimento do desenlace do projeto que igualava o estado americano a Uganda. O país africano ampliou a abrangência da lei de 2009 que criminaliza a homossexualidade. A partir de agora, a punição inclui prisão perpétua. Kampala não está só. No continente negro, nada menos de 36 Estados consideram ilegais as relações entre pessoas do mesmo sexo. Em alguns, condenam-se gays e lésbicas à pena de morte.
Arizona e Uganda ganharam espaço no noticiário internacional em momento simbólico para o esporte. No ano passado, pela primeira vez no meio esportivo estadunidense, o jogador de basquete Jason Collins declarou publicamente ser homossexual. Há oito dias, entrou na quadra como o primeiro gay assumido a disputar partida da liga profissional. Recebeu aplausos.
Segmentos conservadores existem em todas as sociedades. Nada mais natural. O inaceitável é a presunção de superioridade de uns em relação a outros. É inaceitável também, em pleno século 21, que o Estado crie leis que reforçam a discriminação. O caminho aponta para a direção contrária.
A observação vem a propósito de decisão tomada pela governadora do Arizona, nos Estados Unidos. Jan Brewer vetou Projeto de Lei constrangedoramente discriminatório. Aprovada pelo Legislativo estadual, de maioria republicana (mesmo partido de Brewer), a medida autorizava donos de estabelecimentos comerciais a negar atendimento a gays e lésbicas. Na prática, criava cidadãos de duas categorias - de primeira e segunda classe.
Erra quem supuser que a iniciativa se deveu ao espírito democrático da governadora. Longe disso. Ela barrou o passo antigay depois que as principais ligas esportivas profissionais do país (futebol e basquete) tomaram posição contrária à controversa proposição. Elas ameaçaram o bolso - a parte mais sensível do corpo e também do estado: cortariam milhões de dólares que engordam a economia local.
O recado, embora velado, acendeu o alerta vermelho. A Liga Nacional de Futebol Americano (NFL), que programou o Superbowl de fevereiro de 2015 para o Arizona, reveria a decisão. Não há necessidade de muito esforço nem de exercícios matemáticos sofisticados para calcular o prejuízo se a intimidação fosse concretizada. Estima-se que o Superbowl de 2014 rendeu entre US$ 550 milhões e US$ 600 milhões em impactos econômicos para a região de Nova York.
É alentador tomar conhecimento do desenlace do projeto que igualava o estado americano a Uganda. O país africano ampliou a abrangência da lei de 2009 que criminaliza a homossexualidade. A partir de agora, a punição inclui prisão perpétua. Kampala não está só. No continente negro, nada menos de 36 Estados consideram ilegais as relações entre pessoas do mesmo sexo. Em alguns, condenam-se gays e lésbicas à pena de morte.
Arizona e Uganda ganharam espaço no noticiário internacional em momento simbólico para o esporte. No ano passado, pela primeira vez no meio esportivo estadunidense, o jogador de basquete Jason Collins declarou publicamente ser homossexual. Há oito dias, entrou na quadra como o primeiro gay assumido a disputar partida da liga profissional. Recebeu aplausos.
Segmentos conservadores existem em todas as sociedades. Nada mais natural. O inaceitável é a presunção de superioridade de uns em relação a outros. É inaceitável também, em pleno século 21, que o Estado crie leis que reforçam a discriminação. O caminho aponta para a direção contrária.
01 de março de 2014
Editorial Correio Braziliense
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