"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 14 de março de 2014

COMO SE FAZ OPOSIÇÃO POLÍTICA?


 

 
Está na hora de admitirmos: o melhor partido oposicionista ao governo PT nos últimos tempos tem sido o seu principal sustentáculo na Câmara, o PMDB, especialmente na figura do Deputado Eduardo Cunha.
Por que eu digo isso? Oposição política se faz com a confrontação ininterrupta de valores, obstrução das pautas políticas e desgaste midiático. Ninguém tem feito isso tão bem quanto o PMDB e Eduardo Cunha.
Na confrontação de valores, Eduardo Cunha está criando no imaginário coletivo várias dualidades:
1 -Parlamento X Presidência:  o discurso de Cunha está sempre impondo a ideia de que o Parlamento está sendo tratorado pela Presidência, criando para o povo a ideia de que o PT é autoritário. O PSDB não conseguiu, em momento nenhum, construir essa ideia, e no momento em que essa situação se mostrou concreta, no caso do mensalão, o Min. Joaquim Barbosa se tornou a figura proeminente da luta contra o autoritarismo, enquanto o Sen. Aécio Neves, quando teve a chance, em 2005, ao invés de aplicar o impeachment ao Lula, resolveu salvá-lo.
2 – Liberdade X Intervenção: na discussão do Marco Civil da Internet, Eduardo Cunha tem jogado para a opinião pública a ideia de que a nova regulamentação é interventora (o que é verdade), inclusive com uma frase que estampou vários jornais do país que é simplesmente fantástica (“queremos a internet livre de governo”). Não se houve falar em PSDB.
3 – Politicagem X Democracia: nesse campo, Eduardo Cunha está conseguindo desvencilhar o PMDB da pecha de politiqueiro ao defender a entrega de todos os cargos e a saída do partido do campo governista, com um discurso sólido. O PSDB poderia estar nesse momento bombardeando os dois lados com um discurso de que essa briga é por cargos, e não ideológica, mas nada se ouve a respeito.
Ainda na oposição de valores, até o pequeno para médio PSC, com o Marco Feliciano, conseguiu mais destaque ao opor valores do que tucanos e democratas. O PSC foi o principal partido de oposição ao PL 122 (lei da criminalização da homofobia) que foi arquivada.
Na obstrução de pautas políticas, Eduardo Cunha conseguiu diuturnamente nos últimos meses trancar a pauta e parar as reformas progressistas do PT. Em quase 12 anos de oposição, PSDB  e DEM só derrotaram o governo, de fato, uma vez (o fim da CPMF).
No desgaste midiático, cada vez mais se vê Eduardo Cunha falando mal, não só como políticos, mas como pessoas, das lideranças do PT.
E aqui fica a pergunta: porque PSDB e DEM não conseguem se mostrar eficientes como oposição?
Talvez lhes falte convicção ideológica para se mostrarem como alternativa aos valores do PT. Talvez estejam cercados de má assessoria de imprensa e de marketing. O fato é que isso precisa ser consertado com urgência, pois se a verdadeira oposição brasileira hoje ocupa a Vice-Presidência da República, no momento das eleições faltará alternativa verdadeira ao povo brasileiro.
 
14 de março de 2014
Bernardo Santoro, Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal, é Mestrando em Direito (UERJ), Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política da Faculdade de Direito da UERJ. Originalmente publicado no site do Instituto Liberal em 10 de Março de 2014.

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