PMDB acerta atuação conjunta com outras 8 siglas; grupo tem 55% dos votos
Partido está insatisfeito com reforma ministerial e com ritmo de liberação de verbas vinculadas a emendas parlamentares
Principal aliado do PT na coalizão da presidente Dilma Rousseff, o PMDB organiza a criação de um bloco de nove partidos, na Câmara dos Deputados, para criar dificuldades ao governo em votações no Congresso Nacional.Com aval do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o líder peemedebista Eduardo Cunha (RJ) acertou, em um jantar anteontem com o comando das bancadas do PP, PSD, PR, PTB, PDT, Pros, PSC e do oposicionista Solidariedade, uma ação conjunta a partir da semana que vem.
As siglas somam 283 dos 513 deputados: 55% da Casa.
A iniciativa surge no lastro da rebelião da bancada de deputados do PMDB deflagrada com a reforma ministerial de Dilma.
No início do mês, o partido decidiu não indicar substitutos para as duas pastas que hoje controla (Turismo e Agricultura), após a saída dos ministros para disputar as eleições. Isso porque Dilma ameaçava entregar um dos ministérios a outro partido.
O estopim para o encontro dos deputados --realizado anteontem na casa do deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG)-- foi a tentativa de votação, momentos antes, de projeto que prevê a ampliação do número de defensores públicos no país.
Os deputados haviam se comprometido com a apreciação da matéria. Mas o governo atuou para evitar que a votação fosse concluída. Após a sessão, os líderes dos nove partidos foram dividir as reclamações no jantar.
A criação de um blocão de governistas insatisfeitos tem potencial para trazer enormes dificuldades para o Planalto, que no ano passado havia, sob o comando de Dilma, acertado um pacto para que não houvesse aprovação de projetos da chamada "pauta bomba", que aumentam gastos federais.
"Ninguém faz blocão para bater palma", resume o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR).
Entre as propostas mais defendidas pelos insatisfeitos estão a criação de um piso nacional para os agentes comunitários de saúde, que pode abrir brecha para outras categorias, e a proposta de emenda à Constituição que estabelece um piso salarial para policiais e bombeiros.
Os partidos devem se reunir na terça-feira para fechar a estratégia de atuação.
"Fui convidado para uma reunião em que o sentimento e decisão é o de fortalecer os nossos partidos na Câmara, para o bem da democracia. Afirmação clara de que os partidos, além do governo, querem também se fortalecer via suas bancadas", disse Alves à Folha, negando que o intuito seja emparedar Dilma.
Apesar das ressalvas, a decisão da noite de anteontem mostra que o clima continua carregado. Além da reforma ministerial, os partidos que prometem formar o bloco se dizem insatisfeitos com a liberação de verbas para emendas que eles apresentaram ao Orçamento, ponto que também tende a se complicar.
No anúncio de corte no Orçamento de 2014, feito ontem, R$ 13 bilhões das chamadas emendas parlamentares foram congeladas.
21 de fevereiro de 2014
MÁRCIO FALCÃO E RANIER BRAGON - FOLHA DE SÃO PAULO
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