Nos primeiros dias do ano foi organizada uma manifestação no Rio de Janeiro a favor do topless, mas, para desapontamento geral, teve adesão de algumas poucas gatas pingadas e o assunto não evoluiu.
Brasil, país da liberalidade, do Carnaval, das popozudas, das mulheres-fruta, da globeleza, do fio dental e demais manifestações de culto ao corpo (sem que nada disso altere a paz familiar), proíbe o topless na beira da praia. Um contrassenso? É, mas explica-se.
O Brasil é permissivo quando o assunto é sexo. De letras de música a comerciais de tevê, aqui quase tudo tem apelo erótico e tudo bem, aceitamos a lascívia como traço de caráter. Seios de fora é uma representação da nossa identidade, da nossa latinidade, das nossas raízes – desde que associada, de forma sutil ou não, à malandragem, à sacanagem, à libido. Por incrível que pareça, é mais chocante ver uma mulher amamentando seu bebê dentro de um ônibus do que arregaçando a camiseta e mostrando os peitos em frente às câmeras num estádio de futebol. Esta será candidata à musa. Ela pode. Mas o gesto maternal sugere indecência.
A amamentação em lugares públicos não é uma atitude sexual, portanto, é algo que perturba, que está fora do nosso contexto. Com o topless se dá o mesmo. Uma mulher com os seios de fora à luz do dia, em volta dos filhos, tomando mate gelado? É atentado ao pudor.
Topless não é um ato de exibicionismo, e sim uma atitude naturalista. Na Europa, basta despontar o primeiro raio de sol para a população tirar a roupa, inclusive nos parques. Em Munique, homens e mulheres dos oito aos 80 anos se reúnem no Englischer Garten, tiram toda a roupa – toda – e ficam lendo seu livrinho numa boa, com a pureza de um recém-nascido. Ninguém sai batendo fotos, salivando com cara de tarado ou marcando encontros atrás da moita. Desde a loira escultural até a senhora pelancuda, todos têm sua privacidade respeitada.
À beira mar o topless é ainda mais comum. Muitas mulheres dispensam o sutiã, não importa o estado de conservação de suas mamas. Fazem isso porque é mais confortável e também para ganhar um bronzeado uniforme, sem as marcas do biquíni. Particularmente, acho mais bonito usar as duas peças, mas não é de estética que se está falando. É do direito que uma pessoa tem de vestir-se (ou, no caso, despir-se) como bem entender, desde que num ambiente propício e sem agredir quem está a sua volta.
Aqui, na novela das nove, homens disputam para ver o “bigodinho” (depilação da virilha) de uma colega de trabalho, e o povo acha a maior graça, mas topless é perversão. Dançamos na boquinha da garrafa, mas não toleramos a liberdade de costumes. E como não se muda a mentalidade de um país por decreto, fazer topless sem estardalhaço ficará para uma próxima encarnação.
Brasil, país da liberalidade, do Carnaval, das popozudas, das mulheres-fruta, da globeleza, do fio dental e demais manifestações de culto ao corpo (sem que nada disso altere a paz familiar), proíbe o topless na beira da praia. Um contrassenso? É, mas explica-se.
O Brasil é permissivo quando o assunto é sexo. De letras de música a comerciais de tevê, aqui quase tudo tem apelo erótico e tudo bem, aceitamos a lascívia como traço de caráter. Seios de fora é uma representação da nossa identidade, da nossa latinidade, das nossas raízes – desde que associada, de forma sutil ou não, à malandragem, à sacanagem, à libido. Por incrível que pareça, é mais chocante ver uma mulher amamentando seu bebê dentro de um ônibus do que arregaçando a camiseta e mostrando os peitos em frente às câmeras num estádio de futebol. Esta será candidata à musa. Ela pode. Mas o gesto maternal sugere indecência.
A amamentação em lugares públicos não é uma atitude sexual, portanto, é algo que perturba, que está fora do nosso contexto. Com o topless se dá o mesmo. Uma mulher com os seios de fora à luz do dia, em volta dos filhos, tomando mate gelado? É atentado ao pudor.
Topless não é um ato de exibicionismo, e sim uma atitude naturalista. Na Europa, basta despontar o primeiro raio de sol para a população tirar a roupa, inclusive nos parques. Em Munique, homens e mulheres dos oito aos 80 anos se reúnem no Englischer Garten, tiram toda a roupa – toda – e ficam lendo seu livrinho numa boa, com a pureza de um recém-nascido. Ninguém sai batendo fotos, salivando com cara de tarado ou marcando encontros atrás da moita. Desde a loira escultural até a senhora pelancuda, todos têm sua privacidade respeitada.
À beira mar o topless é ainda mais comum. Muitas mulheres dispensam o sutiã, não importa o estado de conservação de suas mamas. Fazem isso porque é mais confortável e também para ganhar um bronzeado uniforme, sem as marcas do biquíni. Particularmente, acho mais bonito usar as duas peças, mas não é de estética que se está falando. É do direito que uma pessoa tem de vestir-se (ou, no caso, despir-se) como bem entender, desde que num ambiente propício e sem agredir quem está a sua volta.
Aqui, na novela das nove, homens disputam para ver o “bigodinho” (depilação da virilha) de uma colega de trabalho, e o povo acha a maior graça, mas topless é perversão. Dançamos na boquinha da garrafa, mas não toleramos a liberdade de costumes. E como não se muda a mentalidade de um país por decreto, fazer topless sem estardalhaço ficará para uma próxima encarnação.
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