"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 20 de outubro de 2013

BARBOSA VISITA CADEIA EM MANAUS E OUVE QUEIXAS DE PARENTES DE DETENTOS


Após reconhecer nesta semana que poderá se lançar à Presidência da República após sua aposentadoria, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, fugiu do roteiro ontem em visita a uma cadeia de Manaus e foi ouvir lamentos de parentes de detentos.
 
O ministro esteve ontem no Amazonas no encerramento de mutirão carcerário (ações para agilizar processos de réus presos) realizado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), órgão que preside.
 
A presença de Barbosa movimentou um grupo de 20 pessoas que esperavam por notícias de familiares detidos na cadeia Vidal Pessoa.
 
"É o ministro? É ele mesmo?", perguntavam-se duas mulheres, tentando espiar dentro do prédio centenário, símbolo do caos do sistema carcerário local.
 
Barbosa apareceu cerca de 20 minutos depois, pela porta principal da unidade. "É ele mesmo. Ministro, venha cá conversar, já não sei mais a quem recorrer", gritava Idalina Soares, 49, colada à grade que separa a calçada do pátio de entrada da cadeia.

Ministro Joaquim Barbosa, ao lado do presidente do TJ-AM, Ari Moutinho, ouve apelos de mães de detentos na cadeia pública Vidal Pessoa, no centro de Manaus
 





Barbosa já estava entrando no carro quando mudou de ideia e foi em direção à grade, seguido por juízes e um assessor que sacou um guarda-chuva para protegê-lo do sol do meio dia da Amazônia.
 
"Seu ministro, meu filho foi pego por causa de R$ 50. Fez essa loucura e está no isolamento aí há dias", reclamou Idalina, seguida por um coro de mulheres pedindo informações sobre parentes.
 
"Qual é o nome do seu filho? Anota o nome dele", repetia o presidente do TJ-AM, Ari Moutinho, ao lado de Barbosa, até então em silêncio.
 
"Triste, triste", foi o que disse o presidente do STF nos cinco minutos em que ouviu os apelos das mulheres.
 
A visita à cadeia, que será desativada em 2014, foi realizada a pedido do próprio ministro. O local foi apontado pelo CNJ como "desumano". São quase 1.500 presos dividindo espaço para 320 pessoas.
 
Barbosa já havia sentido o assédio em Manaus pouco antes da visita ao presídio, em cerimônia do encerramento do mutirão no TJ local.
 
Em discurso, enumerou críticas à situação carcerária do Estado -superlotações, lentidão processual, excesso de presos temporários, condições insalubres. "A cadeia Vidal Pessoa é um capítulo à parte: prédio centenário, sem conservação adequada, superlotado e em lugar absolutamente impróprio", disse.
 
Uma correria começou após as formalidades: magistrados e funcionários do TJ disputavam uma foto com o ministro, jornalistas queriam ouvi-lo. Seguranças e assessores conseguiram tirá-lo dali por uma porta lateral.
 
Depois da visita à cadeia, Barbosa almoçou com autoridades do Amazonas e teve conversa reservada com prefeito e governador, deixando Manaus ao final da tarde.

20 de outubro de 2013
FOLHA DE SÃO PAULO
movcc

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