O site da revista Veja anuncia que a defesa do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba, já comunicou à Procuradoria Geral da República (PGR) que o ex-parlamentar pretende fazer delação premiada. De acordo com a notícia divulgada pelo repórter Gabriel Mascarenhas na coluna Radar, os advogados de Cunha saíram da reunião com os procuradores dizendo que agora começarão a colher as informações e documentos que o ex-deputado tem para entregar.
A notícia é explosiva e tem procedência, porque o principal cúmplice de Eduardo Cunha era o doleiro Lúcio Funaro, que decidiu fazer delação premiada e já começou a prestar depoimentos que incriminam o ex-presidente da Câmara, entre outros políticos.
TEMER É O ALVO – Sem alternativa e com a mesada da JBS suspensa, Eduardo resolveu jogar a toalha e pedir a delação premiada. Segundo as regras do Ministério Público, só é feito acordo de colaboração com réu que denuncia os chefes da quadrilha. Ou seja, as revelações têm de incriminar quem está acima do delator no organograma da quadrilha. Isso significa que Cunha vai ter de entregar Temer, Lula, Dilma e grandes nomes da política, para que sua delação seja homologada.
Detalhe importantíssimo: antes de ser destituído da presidência da Câmara e do mandato de deputado, Cunha passou cerca de dois meses se reunindo diariamente com o doleiro Lúcio Funaro em Brasília, para cruzar informações e coletar documentos, registros bancários, anotações etc. Sabe-se que Funaro é muito organizado e registrava tudo o que fazia.
DOSE DUPLA – As duas delações – de Funaro e Cunha – são uma espécie de bomba-relógio no terceiro andar do Planalto. Suas revelações vão tornar ainda mais difícil a sustentação do presidente Temer, que agora está na mira da Procuradoria-Geral da República também pela corrupção nos anos FHC, quando participava o esquema de propinas do Porto de Santos, conforme o articulista Antonio Santos Aquino vem denunciando há anos aqui na “Tribuna da Internet” e somente agora o Ministério Público despertou para a importância das informações.
O clima no Planalto é surrealista, porque já faz tempo que Temer não governa, dedicando-se exclusivamente a se defender de acusações cada vez mais consistentes e irrefutáveis. E vida que segue, como dizia nosso amigo João Saldanha, porque a Bolsa de Valores subiu 1,06 no pregão de sexta-feira, demonstrando que a economia continua descolada da crise política.
02 de julho de 2017
Carlos Newton
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