Os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega se consolidam como os maiores operadores de propinas do PT. Pelos relatos ao Ministério Público, é até difícil saber qual dos dois participou de mais negociatas
Bastaram os investigadores da Lava Jato aprofundarem levantamentos sobre operações financeiras que envolvem escândalos com caixa dois, propinas em obras da Petrobras, pagamentos de subornos da Odebrecht e dinheiro sujo da JBS, que logo surgiu dois operadores dos recursos ilegais arrecadados pelo PT: os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega.
Pelos relatos dos delatores ao Ministério Público, é até difícil saber qual dos dois operou mais. Por enquanto, quem ganha a disputa é Palocci, que está preso em Curitiba e deve ser condenado nos próximos dias pelo juiz Sergio Moro. Já Mantega, teve a prisão decretada por Moro na manhã do dia 22 de setembro do ano passado, mas a medida foi revogada quatro horas depois, quando o magistrado soube que ele acompanhava a mulher em tratamento contra um câncer no Hospital Albert Einstein.
De acordo com o que o MPF já descobriu sobre o envolvimento de Mantega, citado como coletor das propinas pagas pela JBS, depois de empréstimos milionários do BNDES ao grupo de Joesley Batista, o ex-ministro da Fazenda mais longevo do País pode ter sua situação judicial agravada. Em fogo amigo, o que mais implica Mantega hoje é o próprio Palocci, que em sua defesa prévia à Justiça jogou tudo nas costas de Mantega. Palocci afirmou que foi Mantega quem pedia propinas à Odebrecht. Fontes da Justiça não descartam que ele pode ter a prisão decretada novamente a qualquer momento.
De acordo com a delação premiada de Marcelo Odebrecht, o primeiro grande operador das contas do PT com a empreiteira foi Palocci. De 2008 a 2014, a Odebrecht deu R$ 133,5 milhões ao PT, tendo Palocci como operador. Esperava-se que o ex-ministro fizesse acordo de delação premiada e explicasse sua atuação na administração do dinheiro recebido como propina da empreiteira.
Marcelo já confessou ao juiz Moro que Palocci era seu interlocutor no PT para o pagamento de propinas de obras superfaturadas na Petrobras. O empreiteiro disse que só na campanha de 2014 para a reeleição de Dilma, a empresa deu R$ 300 milhões, sempre tendo o ex-ministro como intermediário. Em depoimento a Moro, o empresário disse que os recursos ficavam no “departamento de propina” da companhia na sigla “Italiano”, como Palocci era identificado. Mantega era identificado como “Pós-Itália”.
Em 2009, contudo, o operador do PT mudou. O então ministro Mantega pediu a Marcelo uma propina de R$ 50 milhões em troca da liberação de uma emenda de Refis para a Braskem, do grupo Odebrecht. Na delação do empresário Joesley Batista também é o ex-ministro Mantega quem aparece o tempo todo como intermediário da JBS na negociação de propinas para o PT, Lula e Dilma.
Em seu depoimento à PGR em maio, Joesley disse que depositou US$ 150 milhões no exterior mediante orientações de Mantega. O montante foi repassado para a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff, de acorco com o mesmo relato. Esse dinheiro, ainda segundo Joesley, era resultado de propinas pagas ao PT como contrapartida aos empréstimos milionários obtidos junto ao BNDES.
Ao MPF, Joesley disse que o primeiro contato com Mantega aconteceu em 2005, quando ele assumiu a presidência do BNDES. Meses depois, a Friboi obteve US$ 80 milhões para a compra da argentina Swift. Em depoimento à PF na quarta-feira 21, Joesley disse que emprestou US$ 5 milhões para o filho de Mantega, dono da empresa Pedala Equipamentos, que quebrou e ele não recebeu o dinheiro de volta.
Joesley confirmou que depositou US$ 20 milhões em uma conta indicada por Mantega no exterior. Mantega exigia 4% em propina dos contratos com o BNDES. Joesley afirmou ainda que deu R$ 2 milhões para Palocci em 2009 à título de consultorias pela Projeto. Em troca, Palocci e Mantega abriam as portas do governo para a JBS. Uma mão lava a outra.
Fogo amigo
• Em suas alegações finais endereçadas à Justiça, Palocci jogou nas costas do colega Mantega toda responsabilidade por pagamentos ilegais feitos na Suíça pela Odebrecht ao marqueteiro João Santana
• O ex-ministro garante que os valores que constam na planilha “Italiano”, apreendida na Odebrecht não eram destinados a ele, mas ao PT. Palocci disse que, após deixar o governo, as propinas passaram a ser geridas por Mantega
• A conta do PT na Odebrecht chegou a ter R$ 200 milhões. O dinheiro estava com os codinomes de “Italiano” (Palocci), “Amigo” (Lula) e “Pós-Itália (Mantega). Marcelo Odebrecht disse que R$ 40 milhões eram de Lula, mas o dinheiro era sacado com autorização de Palocci
30 de junho de 2017
Germano Oliveira
IstoÉ
QUE DUPLA Os ex-ministros Palocci (esq) e Mantega (dir) intermediaram os repasses de dinheiro sujo a Lula e Dilma (Crédito: Divulgação) |
Bastaram os investigadores da Lava Jato aprofundarem levantamentos sobre operações financeiras que envolvem escândalos com caixa dois, propinas em obras da Petrobras, pagamentos de subornos da Odebrecht e dinheiro sujo da JBS, que logo surgiu dois operadores dos recursos ilegais arrecadados pelo PT: os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega.
Pelos relatos dos delatores ao Ministério Público, é até difícil saber qual dos dois operou mais. Por enquanto, quem ganha a disputa é Palocci, que está preso em Curitiba e deve ser condenado nos próximos dias pelo juiz Sergio Moro. Já Mantega, teve a prisão decretada por Moro na manhã do dia 22 de setembro do ano passado, mas a medida foi revogada quatro horas depois, quando o magistrado soube que ele acompanhava a mulher em tratamento contra um câncer no Hospital Albert Einstein.
De acordo com o que o MPF já descobriu sobre o envolvimento de Mantega, citado como coletor das propinas pagas pela JBS, depois de empréstimos milionários do BNDES ao grupo de Joesley Batista, o ex-ministro da Fazenda mais longevo do País pode ter sua situação judicial agravada. Em fogo amigo, o que mais implica Mantega hoje é o próprio Palocci, que em sua defesa prévia à Justiça jogou tudo nas costas de Mantega. Palocci afirmou que foi Mantega quem pedia propinas à Odebrecht. Fontes da Justiça não descartam que ele pode ter a prisão decretada novamente a qualquer momento.
De acordo com a delação premiada de Marcelo Odebrecht, o primeiro grande operador das contas do PT com a empreiteira foi Palocci. De 2008 a 2014, a Odebrecht deu R$ 133,5 milhões ao PT, tendo Palocci como operador. Esperava-se que o ex-ministro fizesse acordo de delação premiada e explicasse sua atuação na administração do dinheiro recebido como propina da empreiteira.
Marcelo já confessou ao juiz Moro que Palocci era seu interlocutor no PT para o pagamento de propinas de obras superfaturadas na Petrobras. O empreiteiro disse que só na campanha de 2014 para a reeleição de Dilma, a empresa deu R$ 300 milhões, sempre tendo o ex-ministro como intermediário. Em depoimento a Moro, o empresário disse que os recursos ficavam no “departamento de propina” da companhia na sigla “Italiano”, como Palocci era identificado. Mantega era identificado como “Pós-Itália”.
Em 2009, contudo, o operador do PT mudou. O então ministro Mantega pediu a Marcelo uma propina de R$ 50 milhões em troca da liberação de uma emenda de Refis para a Braskem, do grupo Odebrecht. Na delação do empresário Joesley Batista também é o ex-ministro Mantega quem aparece o tempo todo como intermediário da JBS na negociação de propinas para o PT, Lula e Dilma.
Em seu depoimento à PGR em maio, Joesley disse que depositou US$ 150 milhões no exterior mediante orientações de Mantega. O montante foi repassado para a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff, de acorco com o mesmo relato. Esse dinheiro, ainda segundo Joesley, era resultado de propinas pagas ao PT como contrapartida aos empréstimos milionários obtidos junto ao BNDES.
Ao MPF, Joesley disse que o primeiro contato com Mantega aconteceu em 2005, quando ele assumiu a presidência do BNDES. Meses depois, a Friboi obteve US$ 80 milhões para a compra da argentina Swift. Em depoimento à PF na quarta-feira 21, Joesley disse que emprestou US$ 5 milhões para o filho de Mantega, dono da empresa Pedala Equipamentos, que quebrou e ele não recebeu o dinheiro de volta.
Joesley confirmou que depositou US$ 20 milhões em uma conta indicada por Mantega no exterior. Mantega exigia 4% em propina dos contratos com o BNDES. Joesley afirmou ainda que deu R$ 2 milhões para Palocci em 2009 à título de consultorias pela Projeto. Em troca, Palocci e Mantega abriam as portas do governo para a JBS. Uma mão lava a outra.
Fogo amigo
• Em suas alegações finais endereçadas à Justiça, Palocci jogou nas costas do colega Mantega toda responsabilidade por pagamentos ilegais feitos na Suíça pela Odebrecht ao marqueteiro João Santana
• O ex-ministro garante que os valores que constam na planilha “Italiano”, apreendida na Odebrecht não eram destinados a ele, mas ao PT. Palocci disse que, após deixar o governo, as propinas passaram a ser geridas por Mantega
• A conta do PT na Odebrecht chegou a ter R$ 200 milhões. O dinheiro estava com os codinomes de “Italiano” (Palocci), “Amigo” (Lula) e “Pós-Itália (Mantega). Marcelo Odebrecht disse que R$ 40 milhões eram de Lula, mas o dinheiro era sacado com autorização de Palocci
30 de junho de 2017
Germano Oliveira
IstoÉ
Nenhum comentário:
Postar um comentário