Entramos na reta final da disputa do poder, a crise política é gravíssima, mas ninguém está nem aí, com a Bolsa de Valores fechando a quarta-feira em alta de 0,55% e o Índice Bovespa se firmando acima dos 62 mil pontos, nada mal. Nota-se claramente que a economia descolou do campo político, onde as fichas já estão sendo colocadas na mesa para a rodada de fogo, enquanto a grande mídia começa a se posicionar para a batalha final. E nesta guerra, em que realmente vale tudo, o instrumento mais importante é a mídia impressa e seus sites, que irradiam as informações para a grande massa. Pode-se dizer, sem medo de errar, que a disputa do poder ainda é travada nos grandes jornais e nas revistas de opinião, a televisão fica em segundo plano, vem a reboque.
Entre os grandes jornais de circulação nacional e que dispõem do poder irradiador de suas agências de notícias, O Globo está claramente contra o presidente da República, enquanto o Estadão e a Folha adotam uma linha mais defensiva em favor da permanência do atual governo, embora seus articulistas tenham total autonomia para atacar Michel Temer frontalmente. Nas revistas de opinião, Veja e Época batem pesado no presidente, enquanto a IstoÉ está nitidamente a favor.
SURGEM EXCESSOS – Nessa ânsia de atacar ou defender, sempre há excessos, como o recente ataque da IstoÉ ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, numa reportagem excedeu os limites da razoabilidade. A mesma sofreguidão foi demonstrada nesta quarta-feira por O Globo, ao publicar em seu site, no alto da página, a matéria “Termômetro da CCJ: apenas 4 declaram voto pró-Temer”, quando o título mais apropriado deveria registrar que, em sua esmagadora maioria, os deputados da Comissão de Constituição e Justiça ainda não sabem se votarão a favor ou contra Temer, conforme Mário Assis Causanilhas oportunamente assinalou em artigo aqui na “Tribuna da Internet”.
Da mesma forma, o Estadão fez um editorial lamentável, ao dizer que Janot não poderia usar como usar como prova a foto em Aécio Neves aparece em reunião com um grupo de senadores (Jereissati, Serra, Anastasia, entre outros). Acontece que a fotografia virou prova porque Aécio cometeu a burrice de postá-la nas redes sociais e escrever na legenda que estava discutindo as reformas e a posição do PSDB. Mas o Estadão, no editorial, esqueceu esse fato concreto e indiscutível.
VALE TUDO – Como se vê, realmente vale tudo nessa guerra do afastamento do presidente Temer, que se trava simultaneamente no Judiciário e no Congresso, mas tem na grande mídia seu principal campo de batalha.
O mais importante de tudo isso está citado no início do artigo – é o salutar descolamento da economia, que está evoluindo como se a crise política não interferisse nos negócios, uma circunstância a demonstrar que o país é maior do que a crise, não importa o presidente que por acaso seja locatário do Planalto.
Foi exatamente o que aconteceu com a Bélgica, que recentemente ficou quase dois anos sem governante, ninguém notou, vida que segue, como dizia o genial João Saldanha, que sempre foi comunista, mas ninguém jamais o acusou de não ser democrata.
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PS – Essa situação inusitada funciona como uma lição aos políticos, mostrando que o poder significa tudo ou nada. Não adianta estar no poder, como Temer, e não ter a menor importância, pois quem manda no país é o ministro Henrique Meirelles, que até já avisou que, se Temer cair, ele continuará. O mesmo recado também deram Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, e Pedro Parente, da Petrobras. Será que combinaram isso entre eles? O assunto é instigante e vamos voltar a ele. (C.N.)
PS – Essa situação inusitada funciona como uma lição aos políticos, mostrando que o poder significa tudo ou nada. Não adianta estar no poder, como Temer, e não ter a menor importância, pois quem manda no país é o ministro Henrique Meirelles, que até já avisou que, se Temer cair, ele continuará. O mesmo recado também deram Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, e Pedro Parente, da Petrobras. Será que combinaram isso entre eles? O assunto é instigante e vamos voltar a ele. (C.N.)
30 de junho de 2017
Carlos Newton
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