O senador Aécio Neves não pode reclamar da sorte. Em março, ele foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista. Sua irmã foi presa por negociar a entrega do dinheiro. Seu primo foi preso por receber o pagamento. Ele continuou solto, graças à imunidade parlamentar.
Em 2014, o tucano prometeu combater a corrupção e recebeu 51 milhões de votos para presidente. Depois da divulgação dos áudios, ele pareceu condenado à morte política. Faltaria cumprir o rito fúnebre, com a perda do mandato e da liberdade.
Aécio sumiu do Senado, mas continuou a se mexer nos bastidores. Mesmo afastado do comando do PSDB, ele ajudou a articular a permanência do partido na base do governo Temer. Aos poucos, sua fidelidade começa a ser recompensada.
BOAS NOTÍCIAS – Na semana passada, o tucano colheu três boas notícias. O Supremo Tribunal Federal tirou sua irmã da cadeia. O ministro Gilmar Mendes foi sorteado para relatar um de seus inquéritos por suspeita de corrupção. Para fechar o pacote, o Conselho de Ética arquivou a representação que pedia a cassação de seu mandato.
“Indeferi por falta de provas”, declarou o presidente do conselho, João Alberto Souza. O peemedebista é conhecido por ajudar colegas em apuros e já salvou figuras como Jader Barbalho e Renan Calheiros.
Nesta semana, Aécio voltou a ganhar motivos para sorrir. Na terça, o ministro Alexandre de Moraes foi sorteado para relatar outro inquérito sobre ele. No caso, o tucano é suspeito de receber propina na construção da sede do governo de Minas, que custou mais de R$ 2 bilhões.
SEM SUSPEIÇÃO – Até o início do ano, Moraes era filiado ao PSDB e recebia ordens do senador. Apesar disso, ministro não deu nenhum sinal de que vá se declarar suspeito para julgá-lo.
O dicionário “Houaiss” registra dois significados para o verbete “fortuna”: “boa sorte, felicidade, ventura” e “soma vultosa de dinheiro”. Como se vê, Aécio pode se considerar duplamente afortunado.
30 de junho de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha
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