É sumamente melancólico – porém não irrealista – admitir-se que, no albor dos anos 60, este grande país não tinha senão duas miseráveis opções: “anos de chumbo” ou “rios de sangue”…
Proferida por Roberto Campos, esta assertiva descreve com exatidão o cenário que se apresentava diante dos brasileiros nos idos dos “anos rebeldes”, composto de um lado por João Goulart – e seu flerte indisfarçado com o Comunismo – e por outro da possibilidade de ver as forças armadas assumirem a administração federal. Entre o péssimo e o ruim, optaram eles (em larga maioria) pelo ruim.
Nenhum debate honesto sobre o período do regime militar poderia, portanto, ignorar os efeitos positivos e negativos da conjuntura experimentada pelo Brasil naquele período deveras complexo. Assim procedeu, por exemplo, Lucas Berlanza em artigo recentemente publicado pelo Instituto Liberal, no qual destacou que a simplificação histórica não é capaz de reunir os elementos suficientes para a devida compreensão daquele episódio. Na mesma linha foi este articulista quando opinou sobre a inconveniência de uma nova intervenção militar nos tempos atuais, mas sem deixar de render homenagens àqueles que outrora impediram que virássemos uma Cuba de dimensões continentais.
Mas é claro que a Rede Progressista de Televisão, para não perder o costume, precisaria caracterizar os protagonistas de seu mais novo seriado, ambientado durante os anos 1970, como abnegados que buscavam a “redemocratização” do país a qualquer custo – ainda que, para isso, instaurassem a famigerada “ditadura do proletariado”, como alguns socialistas menos cara de pau admitiram em tempos recentes.
Nenhuma chance, claro, de uma argumentação séria e calcada em fatos reais. Em vez disso, a ladainha totalmente enviesada à esquerda repetida à exaustão a nossos estudantes pelo professores da rede pública. Permeia a obra televisiva apenas a velha e surrada vitimização daqueles supostos jovens idealistas que lutavam – a base de bombas e sequestros – por um Brasil mais parecido com a URSS. E assim vai o grosso da população brasileira sendo doutrinada enquanto apenas tenta usufruir de algum entretenimento após um longo dia de trabalho.
Antonio Gramsci e a Escola de Frankfurt idealizaram métodos diferentes de mobilização das massas: o primeiro pregava a “ocupação hegemônica dos espaços” (infiltração comunista nos meios acadêmicos e jornalísticos, assim como em outros ambientes intelectuais) e a segunda pregava a “revolução cultural” (mudança dos costumes e da moral nas relações familiares e sociais).
No entanto, ambos compartilhavam pontos em comum em suas diretrizes: 1) a luta de classes não se daria pelo método revolucionário; 2) a manipulação psicológica das massas era o objetivo primeiro; e 3) a implementação do programa socialista, que seria a finalidade última, dar-se-ia pelas vias institucionais do regime democrático, e não pela via insurrecional típica das revoluções.
No Brasil, os dois métodos de propagação do marxismo foram implementados juntos, de modo sincronizado, com grande sucesso – e continuam permeando nossa teledramaturgia.
E quando poderemos assistir um filme ou qualquer outra obra do gênero que trate do tema em questão com a devida seriedade e honestidade? Demanda para tal já há, sem dúvidas. Basta haver a iniciativa de pessoas da área e patrocínio – que certamente não virá da Lei Rouanet nem da Lei do Audiovisual; estas verbas estatais estão reservadas para personalidades como Kéfera e Luan Santana.
17 de abril de 2017
bvlog do orlando tambosi
Nenhum comentário:
Postar um comentário