O ilustre Dr. Jorge Béja, advogado militante, escritor, pianista e grande humanista, nos explicou a diferença entre um político estar “indiciado”, e não apenas “investigado”, na Operação Lava Jato e similares. Muito importante. Depois, comentou ao nosso decano, Sr. Théo Fernandes, de forma realista, mas a meu ver, demais fatalista, a moralização de nossa Administração Pública. Estima o Dr. Jorge Béja que, mesmo após a Operação Lava Jato e todas as outras similares que felizmente estão “pipocando” no Brasil, que levará séculos (lógico que em sentido figurado), para criarmos um bom sistema político para uma eficiente e honesta Administração Pública.
Mas se olharmos desde a Proclamação da República (1889), a maneira como adaptamos a excelente Constituição americana para nosso uso interno (muito mal), a República Velha, os avanços da Revolução de 1930 sob a liderança do grande Presidente Vargas, o grande avanço do segundo governo Vargas (1951-1954), que industrializou o Brasil, mecanizou nossa agricultura, diminuiu muito o analfabetismo etc.), e os governos autoritários da Revolução de 1964 que desenvolveram muito nossa infra-estrutura/industrialização), e com acertos e erros os governos sob a Constituição de 1988, e quando, só agora, todas as crianças estão frequentando a escola, e mesmo baixíssimo os professores(as) do ensino básico pela primeira vez tem um piso (R$ 2.000/mês por 40 hs), eu sou mais otimista.
Dentro de uma geração, cerca de 30 anos, devido a especialmente, pela primeira vez no Brasil, todas as crianças estarem na escola, implantaremos um “moralizado” sistema de administração pública. Não tenho dúvidas de que chegaremos lá neste prazo.
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O MENINO QUE CONHECEU GETÚLIO
Jorge Béja
O MENINO QUE CONHECEU GETÚLIO
Jorge Béja
Prezado Flávio José Bortolotto. Muito me comove a elevada distinção que o senhor me dispensa. Comecei a admirar o presidente Getúlio Dornelles Vargas desde criança. Naquele 24 de agosto de 1954 (morávamos em Santa Teresa) eu tinha pouco mais de 8 anos de idade. E meu querido pai mostrava aos filhos o valor do presidente. Ele integrava a guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas e era a pessoa, ao lado de Gregório Fortunato, com quem o presidente Vargas mais conversava. E meu pai contava tudo em casa.
No dia 23 de abril de 1954, quando completei 8 anos, meu pai me levou para conhecer o presidente no Palácio do Catete. Dias antes, minha mãe me levou à loja “Herdeiro”, no centro da cidade (acho que era na Rua Gonçalves Dias) e comprou a melhor roupa para eu ir lá: calça curta marrom, suspensório, camisa branca de mangas compridas, sapato novo, gravata e meia até os joelhos.
Getúlio me pegou no colo (eu era franzino), me fez umas perguntas e no final colocou no meu bolso uma cédula (dinheiro) cujo valor não me recordo. Tenho-a até hoje, mas me poupe de ir vê-la, para não chorar. Está dentro de um livro, novinha, novinha. Sou getulista desde criança, por formação e convicção.
CORRUPÇÃO – Sobre o que o senhor Bortolotto escreveu, permita-me dizer: o país, do ponto de vista econômico, político e também social, evoluiu muito, ao longo do período que o senhor cita. Mas sempre houve escândalos de corrupção/suborno e outras práticas desonestas. Onde está a pessoa humana, tudo pode aconteceer: até a honestidade a que se referiu Khrisnamurti, na entrevista que fiz anos depois com o grande filósofo e pensador indiano, quando lhe perguntei o que era Ética, assunto que foi objeto de recente artigo que escrevi.
O ensino público no Brasil passou a ser desmontado a partir do período dos militares. E é através da educação que um povo é bem formado. E apesar de todas as leis falarem da obrigatoriedade das crianças estarem na escola, isso não é verdadeiro. E das que estão, a maioria é analfabeto funcional. Não sabe o que lê. Em 30 anos, aproximadamente, não estaremos com a administração pública moralizada. Longe disso, haverá suborno/corrupção e os interesses pessoais dos chamados governantes estarão sempre acima dos interesses coletivos, que são os do povo brasileiro. O coronelismo do começo da República não acabou. Continua presente, atuando e destruindo como estamos nestes dias vendo e ouvindo pela televisão. Muito agradeço seu comentário. Feliz Páscoa.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Temos aí duas visões sobre o Brasil – uma mais otimista e a outra, mais pessimista. As duas são válidas e foram expressadas por pessoas que lutam por um Brasil melhor. Não importa quem está com a razão. A respeitosa troca de opiniões é que interessa. É a razão da existência deste blog, que há de continuar assim. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Temos aí duas visões sobre o Brasil – uma mais otimista e a outra, mais pessimista. As duas são válidas e foram expressadas por pessoas que lutam por um Brasil melhor. Não importa quem está com a razão. A respeitosa troca de opiniões é que interessa. É a razão da existência deste blog, que há de continuar assim. (C.N.)
17 de abril de 2017
Flávio José Bortolotto
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