Com o depoimento de Arthur Soares, as investigações se voltam para a área de prestação de serviços do governo Cabral (2007-2014). Conhecido nos bastidores da política como “Rei Arthur”, o empresário já foi visto como o maior fornecedor de mão-de-obra terceirizada para o governo fluminense, sempre por intermédio de uma rede de empresas comandada pela Facility. Pelos contratos, o grupo de Arthur Soares teria recebido quase R$ 3 bilhões no período.
AMIGO PESSOAL – Alvo de inquéritos também no Ministério Público Estadual, o empresário admitiu que é amigo pessoal do ex-governador, chegando a frequentar eventos sociais no condomínio Portobello, em Mangaratiba, onde Cabral tem casa. Soares disse que conheceu Cabral quando o amigo era deputado estadual (1991-2002) e ficou mais próximo quando ele se elegeu senador. Na época, uma das empresas de Soares também prestava serviços ao Senado.
O empresário afirmou aos procuradores da República que, como era presidente da Associação das Empresas Prestadoras de Serviços ao Estado do Rio (AEPS), passou a mediar a relação das filiadas com o governo do Estado, levando pleitos de cobranças de valores atrasados das empresas. Ele disse que começou suas atividades na área de prestação de serviços em 1993, por meio da empresa Vigo Central de Serviços, e começou a atuar no setor público no ano seguinte, mas não se recorda quando constituiu a Facility como empresa holding do grupo.
ADRIANA ANCELMO – As investigações da Calicute constataram que o grupo de Soares repassou mais de R$ 1 milhão para o escritório de Adriana Ancelmo. Já a empresa de Carlos Miranda, a LRG, recebeu R$ 660 mil.
Indagado sobre os repasses, o empresário argumentou que conheceu Adriana por intermédio de Cabral e contratou o escritório de advocacia da ex-primeira-dama após recomendação do ex-governador. Ao negar que os repasses funcionaram como uma forma disfarçada de pagamento de propina, Soares assegurou que o escritório prestou serviços de na área trabalhista.
O dono da Facility disse que conheceu Carlos Miranda em eventos de Cabral. Ao contratar a LRG, teria como objetivo a “prospecção de negócios na área privada”.
POUCA MEMÓRIA… – Diante dos procuradores, ele admitiu que não se recordava se firmara com Miranda um contrato formal, mas insistiu em dizer que os serviços foram prestados e que todos os pagamentos se deram mediante o recolhimentos dos tributos devidos.
Cobrado sobre as provas da prestação do serviço, Soares disse que foi feita de forma presencial. No dia do depoimento, o empresário não conseguiu nominar as empresas trazidas pela prospecção de negócios de Miranda. Três dias depois, em ofício ao Ministério Público, seus advogados apresentaram uma lista de nomes.
Soares também negou que Cabral ou conselheiros no Tribunal de Contas do Estado (TCE) tenham lhe cobrado o pagamento de propina.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Mais uma importante matéria de Chico Otávio, um jornalista que faz a diferença. O corruptor Arthur Soares reina há décadas no Estado do Rio, como maior “fornecedor”. Os governadores mudam, mas ele continua, e o Ministério Público sempre fez olhar de paisagem para a terceirização e locação de equipamentos. Para se ter uma idéia, nas delegacias de polícia, toda a mobília, ar refrigerado, computadores, é tudo do Facility, que aluga ao Estado. Com certeza, a Lava Jato agora vai pegar o empresário, que acabará fazendo companhia a Sérgio Cabral em Bangu. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Mais uma importante matéria de Chico Otávio, um jornalista que faz a diferença. O corruptor Arthur Soares reina há décadas no Estado do Rio, como maior “fornecedor”. Os governadores mudam, mas ele continua, e o Ministério Público sempre fez olhar de paisagem para a terceirização e locação de equipamentos. Para se ter uma idéia, nas delegacias de polícia, toda a mobília, ar refrigerado, computadores, é tudo do Facility, que aluga ao Estado. Com certeza, a Lava Jato agora vai pegar o empresário, que acabará fazendo companhia a Sérgio Cabral em Bangu. (C.N.)
06 de fevereiro de 2017
Chico Otávio
O Globo
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