Ao chegar para seu primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha leu uma carta em que diz ter um aneurisma como o de dona Marisa Letícia, segundo sua defesa. Cunha disse então que precisa de cuidados que não seriam possíveis no Complexo Médico Penal de Pinhais, em Curitiba, onde está preso desde outubro.
Ao fim da audiência, a defesa protocolou na Justiça Federal de Curitiba um pedido de liberdade de Eduardo Cunha.
O ex-deputado prestou depoimento sobre a acusação de que recebeu R$ 5 milhões em propina referentes ao esquema envolvendo o projeto do campo de petróleo de Benin, na África, segundo as investigações da Operação Lava-Jato.
MUITOS DOCUMENTOS – A defesa disse ao Globo que desconhecia o teor da carta levada por Cunha ao juiz Sérgio Moro. O ex-deputado ainda levou um calhamaço de papéis para que fossem consultados durante seu depoimento.
Inicialmente, o processo do ex-deputado corria no Supremo Tribunal Federal (STF). Quando foi cassado, perdeu o foro privilegiado, e o processo passou para Curitiba.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em tradução simultânea, o tal “calhamaço” de documentos que Cunha levou para a audiência com o juiz Moro significa que sua delação premiada já está começando, de maneira informal. Em entrevista a Ricardo Noblat, o presidente Temer disse que, em relação à Lava Jato, sua preocupação “é zero”. Bem, de agora em diante tudo vai ser diferente, porque Cunha é o personagem que sabia demais, como no clássico de Hitchcock, e Temer passa a ser mais suspeito do que o mordomo do vampiro. (C.N.)
08 de fevereiro de 2017
Gustavo Schmitt
O Globo
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