"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

UMANIZZARE É LIGADA A UM GRUPO EMPRESARIAL FALIDO QUE DEVE R$ 200 MILHÕES



O falido Lelio Carneiro é ligado à Umanizzare
A Umanizzare Gestão Prisional Ltda., empresa que administra o presídio onde ocorreu o massacre de 56 presos no Amazonas, é ligada ao Grupo Coral, um conglomerado de 11 empresas com sede em Goiás que faliu em 2015 e que deixou de pagar a pelo menos 9.000 trabalhadores. Enquanto a Umanizzare faturou pelo menos R$ 650 milhões entre 2013 e 2016 no Amazonas, o Grupo Coral acumula dívidas estimadas em R$ 200 milhões.
O elo entre a Umanizzare e o Grupo Coral é o empresário Lélio Vieira Carneiro Filho, sócio da Umanizzare, ex-CEO do Grupo Coral e filho de Lélio Vieira Carneiro (fundador do conglomerado goiano).
Apesar de não aparecer no quadro societário da empresa junto à Receita Federal, Lélio Júnior foi indicado pela Umanizzare, em dezembro de 2014, como um dos seus representantes na chapa que disputou a presidência do Sinesps (Sindicato Nacional das Empresas Especializadas na Prestação de Serviços em Presídios e Unidades Socioeducativas).
PRESTADOR DE SERVIÇOS – O Grupo Coral é um conglomerado fundado em 1972. Em mais de três décadas, o grupo se transformou em um dos maiores do país no setor de prestação de serviços como limpeza, conservação de prédios públicos e vigilância e atuava em diversos Estados do país.
Em 2011, o Grupo Coral ingressou com um pedido de recuperação judicial. O conglomerado alegou passar por “dificuldades geradas pela crise financeira mundial”. Em 2012, as dívidas do grupo eram avaliadas em R$ 76 milhões.
Em julho de 2015, a Justiça do Estado de Goiás decretou a falência do grupo. Atualmente, segundo o administrador da massa falida, Leandro Almada, a dívida com credores privados é estimada R$ 140 milhões.
LUCROS ESPANTOSOS – Levantamento feito pelo UOL junto à Receita Federal apurou que, das 11 empresas do grupo, nove acumulavam débitos com a União de pelo menos R$ 61,7 milhões. Esse valor não considera dívidas com a União eventualmente contestadas pelo conglomerado. Somadas, as dívidas do grupo com credores privados e a União totalizam aproximadamente R$ 201 milhões.
A dívida milionária do Grupo Coral que se arrasta desde 2011 contrasta com a velocidade com que a Umanizzare ampliou seu faturamento no Estado do Amazonas. Entre 2013 e 2016, a empresa recebeu R$ 651 milhões para administrar cinco unidades prisionais.
O faturamento saiu de R$ 14,2 milhões em 2013, para R$ 300,9 milhões em 2016, segundo dados do Portal da Transparência do governo do Estado do Amazonas. Nesta semana, o MPC-AM (Ministério Público de Contas do Amazonas) pediu a suspensão dos contratos da empresa com o governo do Amazonas por suspeitas de superfaturamento e gestão ineficaz.
MASSA FALIDA – O administrador da massa falida do grupo disse ter notícias sobre a ligação entre o Grupo Coral e a Umanizzare e disse que vai pedir judicialmente informações sobre os sócios da empresa. “Tivemos notícias sobre isso e vamos pedir informações aos órgãos competentes”, disse Leandro Almada.
Segundo ele, se a ligação entre a Umanizzare e o Grupo Coral ficar comprovada, haveria a possibilidade de requerer a transferência de recursos da empresa que administra os presídios no Amazonas para quitar parte dos débitos do conglomerado goiano. “Caso haja essa comprovação, vamos tomar as medidas cabíveis para esse fim”, afirmou Almada.
A reportagem do UOL procurou nos dias 5 e 6 de janeiro, por telefone e por e-mail, a direção da Umanizzare e os empresários Lélio Vieira Carneiro e seu filho, Lélio Vieira Carneiro Filho, para questionar a ligação entre a família Vieira Carneiro e a Umanizzare. Questionada sobre as funções de Lélio Vieira Carneiro e Lélio Júnior na gestão da empresa, ela não respondeu. Em nota enviada por e-mail pela assessoria de imprensa, a empresa disse que “o modelo societário escolhido pela Umanizzare visa a preservar, pela característica da sua atividade empresarial, a segurança de seus sócios e de sua direção”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – 
Enviada por Virgilio Tamberlini, a excelente matéria confirma que a terceirização é um dos maiores males do país. Já mostramos aqui na Tribuna da Internet que a terceirização é uma das fontes de evasão de receita da Previdência e da Receita Federal, além de se tornar instrumento de corrupção administrativa. Agora, se constata que a terceirização é ainda muito mais perniciosa. (C.N.)

09 de janeiro de 2017
Leandro Prazeres
Do UOL, em Brasília

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Basta que ocorra um evento estranho e fora de controle, como foram as chacinas, para que o tapete seja levantado e o fedor do lixo apareça. O que mais será denunciado que exiba o sistema prisional no Brasil, em toda a sua podridão?
Para que tais fatos ocorram, conivências e interesses políticos e empresariais estão ocultos e que serão, cedo ou tarde, expostos.
m.americo

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