Se diante da avalanche da Odebrecht já se tornava difícil o governo aprovar as reformas previdenciária, trabalhista e também a tributária, agora então, com os quadros macabros das rebeliões em Manaus e Roraima, a situação ainda mais se complica. Isso porque o governo terá que atuar simultaneamente em várias frentes. O panorama nacional não é positivo e, portanto, não facilita o andamento das reformas que ele deseja aprovar este ano.
O sistema prisional que explodiu no início do ano é resultado de falhas profundas acumuladas, a começar pela superlotação. Terceirizar administrações estatais, como aconteceu em Manaus é sempre um risco duplo: porque, no final das contas, o Estado não pode deixar de se responsabilizar pelos erros das empresas que contrata. E assim passa a ter que exercer uma atividade dupla: a de fiscalizar a si mesmo, como é natural, e a de fiscalizar as empresas contratadas.
UM BOM NEGÓCIO – A margem de lucro da terceirizada, portanto, reside na diferença entre o que recebe e o que despende com cada prisioneiro. Não pode dar certo, sobretudo porque cada vaga era ocupada por três prisioneiros. Além disso a superlotação é acrescida de presos provisórios, aqueles que ainda respondem a processos sem pena estabelecida para seus atos, e ainda permanecem aguardando julgamento.
O governo federal terá que agir fundo na questão, sobretudo em face da enorme repercussão que ele alcançou, como seria de esperar, diante da violência extrema dos crimes praticados.
E A ODEBRECHT? – Por um instante, as delações da Odebrecht ficaram em segundo plano. Mas voltarão ao primeiro plano, inevitavelmente, devido à torrente de depoimentos de seu ex-presidente, Marcelo Odebrecht, juntamente com mais de setenta executivos ou ex-executivos da maior empreiteira do país, fonte principal do iceberg de corrupção que ainda virá mais à tona do que onde atualmente se encontra.
O degelo do iceberg criará um mar de dificuldade para as diversas escalas políticas já fortemente abaladas pelos acontecimentos registrados até agora.
Todos hão de sentir que neste panorama extremamente crítico e até brutal, como no caso de Manaus e Roraima, as dificuldades do governo vão crescer. E adicione-se a tudo isso a situação caótica do funcionalismo público de alguns estados, como é o caso do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas.
NÃO SERÁ FÁCIL – Propor restrições principalmente aos direitos previdenciários, todos hão de concordar, não será fácil dentro de uma atmosfera tão difícil como a atual.
Além de tudo isso, está previsto também o julgamento pelo TSE da ação proposta pelo PSDB para anular as eleições de 2014.
Um cenário, portanto, extremamente difícil para o calendário político deste ano.
09 de janeiro de 2017
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário