"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 15 de janeiro de 2017

RELATÓRIO DA ZELOTES INCRIMINA MINISTRO DE TEMER NA VENDA DE MEDIDAS PROVISÓRIAS


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Dyogo prestou bons serviços ao PT e agora serve ao PMDB
Relatório do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Zelotes diz que o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, participou de tratativas que resultaram em favorecimento à Gerdau na tramitação de uma medida provisória no Congresso. O documento, obtido pelo Estadão, sustenta que o ministro conversou com o empresário Jorge Gerdau, dono da siderúrgica, sobre regras tributárias de interesse da empresa. Para os investigadores, há indícios de que, graças a negociações com Dyogo e congressistas, o próprio Gerdau redigiu emendas que tramitaram na Câmara e no Senado.
As afirmações do MPF constam de inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal para apurar se houve crime de corrupção ativa, por parte da empresa, e passiva, por parte de agentes públicos na aprovação da MP 627. Editada pelo governo em 2013, ela alterou regras da tributação de lucros de empresas brasileiras com negócios no exterior e resolveu pendências para o pagamento de dívidas com o Fisco.
A investigação foi aberta por causa de suspeitas de que, em troca de doações eleitorais, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator-revisor da medida, e os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Corte Real (PTB-PE) trabalharam para incluir vantagens à Gerdau no texto original, quando ele foi convertido em lei, em 2014. Na época, Dyogo era secretário executivo do Ministério da Fazenda.
E-MAILS REVELADORES – O relatório da Zelotes analisa o teor de comunicações trocadas entre as autoridades envolvidas na tramitação da MP. O documento mostra que o ministro foi “provocado” por Marcos Antônio Biondo, diretor jurídico da Gerdau, em e-mail enviado em 14 de fevereiro de 2014. Na mensagem, o diretor indica as emendas de interesse da empresa. Quatro dias depois, Gerdau e o então secretário executivo se reuniram em Brasília para tratar das questões tributárias.
O próprio Gerdau escreveu uma carta a Dyogo. “Para atender nossos interesses, apresentamos as emendas 183 (deputado Jorge Corte Real), 453 e 454 (deputado Alfredo Kaefer) à MP 627”, escreveu. Os investigadores registram que, após a reunião, Jucá mudou o texto da MP, incluindo trecho requisitado pela siderúrgica.
“Por tratativas diretas entre parlamentar, funcionário do segundo escalão do governo (Dyogo) e Jorge Gerdau, a redação de emendas foi literalmente feita pelo empresário”, escreve o procurador Hebert Reis Mesquita em relatório enviado à Justiça em maio, no qual pede a abertura da investigação.
VIROU MINISTRO – Dyogo substituiu Jucá no Planejamento em maio, após a divulgação de áudios nos quais o peemedebista, supostamente, tramava contra a Lava Jato. O inquérito, que corre em sigilo, foi aberto em 18 de novembro, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na semana passada, com autorização do ministro Ricardo Lewandowski, relator do caso no STF, Dyogo prestou depoimento e negou ter dado apoio a Gerdau. Em 2014, a Gerdau doou R$ 27,3 milhões a PMDB, PSDB, PT e PSB.
Dyogo Oliveira negou que tenha feito qualquer gestão para influenciar o Congresso a decidir em favor da Gerdau. Ele afirmou que nunca fez pedido para que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) ou qualquer outro congressista atendesse a pleitos da siderúrgica.
Dyogo disse que, na função de representante técnico do governo, recebeu Jorge Gerdau em agenda que foi tornada pública, assim como ocorreu com outros empresários com interesses na Medida Provisória 627/2013. “Estava cumprindo minha missão. Se a gente for condenar as pessoas porque trabalham, a gente vai ficar num País muito complicado”, afirmou.
COM EDUARDO CUNHA – O ministro disse que, como secretário executivo do Ministério da Fazenda, apenas discutiu o projeto, em linhas gerais, com o então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que era o relator do texto. “Tive reuniões com ele (Cunha) para tratar do relatório (final da MP).”
Dyogo afirmou ter prestado depoimento à Operação Zelotes na condição de testemunha. De acordo com ele, a MP foi originalmente gestada por um grupo de trabalho que tinha integrantes do governo e de 20 a 30 representantes do empresariado. Segundo Dyogo, o texto visava resolver problemas antigos na tributação dos lucros.
O deputado Alfredo Kaefer (PSL-PR) afirmou que não produziu “nenhuma emenda a pedido da Gerdau”. Segundo ele, seu gabinete apresentou mais de 30 emendas para a MP 627 por solicitação de escritórios especializados em tributação e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para o congressista, seu nome só foi envolvido porque a Polícia Federal encontrou e-mail no qual o empresário André Gerdau, filho de Jorge Gerdau, recomenda a Jucá a aprovação de duas emendas suas. “Não conheço o André Gerdau e não conseguiria nem reconhecê-lo na rua”. Procurados pelo Estado, Jucá, relator-revisor da MP, e o deputado Jorge Corte Real (PTB-PE) não foram localizados.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Mais uma oportuna matéria dos excelentes jornalistas Fábio Serapião e Fábio Fabrini, mas não há novidade. A participação direta de Dyogo Oliveira na venda de MPs é mais do que sabida. Já noticiamos diversas vezes aqui na “Tribuna da Internet”, mas não adianta, porque o presidente Temer não demite ministro envolvido em corrupção. Se Dyogo Oliveira não pedir demissão, ficará até o final do atual governo, podem apostar. (C.N.)

15 de janeiro de 2017
Fábio Serapião e Fábio Fabrini
Estadão

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