"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 15 de janeiro de 2017

DO FUTURO PARA O PASSADO, EIS O DILEMA DOS ESTADOS UNIDOS




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Trump reclama que está sendo fraudado pelo sistema…
A declaração de amor à mulher, Michelle, parece ter sido o momento mais pop do último discurso de Barack Obama. Mas foi ao falar de um tema abstrato, a democracia, que o presidente dos EUA deixou a mensagem mais poderosa ao se despedir da Casa Branca. Num país conhecido pela solidez das instituições, Obama lembrou que a tarefa de preservá-las deve ser permanente. “Nossa democracia é ameaçada sempre que nós consideramos que ela está garantida”, alertou. Ele disse que a Constituição americana é admirável, mas não passa de um pedaço de papel. Para ser aplicada, depende de participação popular, defesa das liberdades e respeito às leis.
O presidente enumerou riscos à democracia. O primeiro, em suas palavras, é a “desigualdade gritante”. “Nossa democracia não funciona sem que todos tenham oportunidades”, afirmou. Ele celebrou a queda do desemprego, mas reconheceu que a renda do 1% mais rico sobe mais rapidamente que a dos outros 99%.
PRECONCEITO – A segunda ameaça, disse Obama, é o preconceito contra minorias e imigrantes. Ele criticou a ideia de que os EUA viveriam uma era “pós-racial”, repetida por quem se opõe às ações afirmativas. Também cobrou atenção a outros grupos vulneráveis, como refugiados e transgêneros.
Por fim, o democrata criticou a radicalização do debate público. Condenou a intolerância e reafirmou valores iluministas, a defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa. Ele disse que a política é uma batalha de ideias, mas requer honestidade e respeito à verdade factual. “A democracia pode sucumbir quando cedemos ao medo”, advertiu.
Obama cometeu muitos erros no poder, mas soube sair de cena com um discurso voltado para o futuro, e não para o passado. O contraste com o sucessor não poderia ser mais gritante. Poucas horas depois, Donald Trump voltou à ribalta com o estilo de sempre: fez grosserias, atacou jornalistas e reforçou a promessa de erguer um muro contra imigrantes.

15 de janeiro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

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