A Federação é una e indivisível. Se o Piauí quiser tornar-se independente, não pode. Nem o Rio, São Paulo, Minas ou qualquer outro Estado. Para zelar pela Federação, deu-se ao Senado atribuições constitucionais especiais. Se alguma unidade federativa rebelar-se e declarar independência, será invadida por tropa federal.
O diabo é se um grupo de Estados decidir separar-se. Uma secessão à maneira do que aconteceu no Império, com a Confederação do Equador, seria impedida à bala. Não há Frei Caneca para dar jeito. Mais tarde, também não vingou a revolução de São Paulo, se é que foi mesmo separatista.
Faz pouco, quando um energúmeno gaúcho levantou a ideia de uma nova República do Piratini, foi afastado por uma gargalhada nacional.
Por que se recorda o tema da separação? Perguntem ao ex-presidente José Sarney, que dias atrás aventou a hipótese numa macabra especulação a alguns amigos. Não que ele desejasse coisa igual, muito menos referindo-se ao Maranhão. Apenas como exercício de futurologia, o “bigode” discorreu sobre o que nos espera. Ressalvou, de início, não tratar-se de situação com a qual conviverá, dado estar avançado nos oitenta anos. Mas do jeito que as coisas vão, não será absurdo verificar-se a tendência separatista de alguns Estados ou regiões.
Há um fundo de verdade no vaticínio. Nenhum governador aguenta mais ficar sem recursos sequer para pagar seu funcionalismo. Importa menos saber de quem é a culpa, se dos Estados ou da União. A verdade está nos fatos. Não demora muito ver gaúchos, paulistas, nordestinos ou amazônidas rendendo-se à necessidade de sobreviver. O poder central fracassou. A União não une mais nada. Pelo contrário, divide, suga e assalta. Por mais incrível que pareça, logo começarão protestos e gritos de independência.
05 de janeiro de 2017
Carlos Chagas
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