"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A LINGUAGEM POLÍTICA DOS EUFEMISMOS

Era melhor Temer ficar calado, do que chamar a chacina de ‘acidente pavoroso’


É preciso dizer a Temer o significado da palavra ‘acidente’
O presidente Michel Temer quebrou o silêncio nesta quinta-feira e prestou pela primeira vez solidariedade às famílias dos 56 presos mortos no massacre que aconteceu há cinco dias no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus. Ele chamou o caso de “acidente pavoroso”. Ao abrir a reunião com o núcleo institucional de segurança do governo, Temer determinou que presos de alta periculosidade fiquem instalados em alas separadas dos detentos de menor potencial violento.
Ele invocou a Constituição para dizer que a situação atual, na qual presos de diferentes calibres e detentos provisórios se misturam a presos definitivos, é uma “inconstitucionalidade”. O presidente ainda minimizou a responsabilidade dos agentes públicos no massacre, dizendo que o presídio era privatizado.
“Quero mais uma vez solidarizar-me com as famílias que tiveram seus presos vitimados nesse acidente pavoroso” — disse Temer.
FAZENDO PLANOS – O presidente disse que está sendo detalhado um novo Plano Nacional de Segurança. E informou que serão criados cinco novos presídios federais para abrigar detentos perigosos. Em cada unidade haverá entre 200 e 250 novas vagas. Os gastos serão de cerca de R$ 200 milhões ou até R$ 45 milhões por unidade.
Também serão gastos R$ 150 milhões para instalar bloqueadores de celular para cobrir pelo menos 30% das unidades em cada estado.Temer repetiu que cabe aos estados gerir a segurança pública, mas que o problema extrapolou os limites dessas unidades da federação, preocupando o governo federal.
“Acho que a União há de ingressar fortemente nesta matéria, que hoje a questão de segurança, embora cabível aos estados, gera preocupação da União. Teremos recursos hipotecados para o problema, sem invadir as atribuições dos estados”, disse.
SUAVIZANDO… – Sobre a responsabilidade do massacre no dia primeiro de janeiro, Temer suavizou: “Lá em Manaus o presídio era privatizado e, portanto, não houve uma responsabilidade muito objetiva, muito clara, dos agentes estatais. É claro que os agentes estatais haveriam de ter informações, haveriam de ter acompanhamento”.
O presidente afirmou que dos R$ 1,2 bilhão liberados para os estados no fim do mês passado do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), cerca de R$ 800 milhões serão usados para a construção de pelo menos um presídio em cada estado e que nessas novas unidades já haverá divisão entre presos perigosos e presos de menor poder ofensivo.
Participaram do encontro os ministros Alexandre de Moraes (Justiça), Raul Jungamann (Defesa), Henrique Meirelles (Fazenda), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional), José Serra (Relações Exteriores), Eliseu Padilha (Casa Civil) e os interinos da Advocacia Geral da União e do Planejamento.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Seria melhor Temer continuar calado. Chamar de “acidente” uma chacina desse tipo, com decapitação das vítimas e membros decepados, é uma declaração absurda e abominável. Demonstra uma insensibilidade e um distanciamento que não podem ser recebidos sem críticas. Temer parece tão insensível quanto o prefeito Crivella, que se recusou a socorrer um bebê de apenas dois meses(C.N.)


05 de janeiro de 2017
Catarina Alencastro
O Globo

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