Em Cuba, apesar de a maioria da população viver em condições modestas e poucos contarem com bens como automóveis, computadores, celulares e viagens de turismo, ninguém vive em condições de pobreza extrema. Todos têm acesso a um sistema de saúde modelar. Nos governos anteriores ao revolucionário, a mortalidade infantil era de 60 em cada mil nascimentos – agora mal chega a 4,2.
A expectativa de vida, que antes era de 60 anos para os homens e 65 para mulheres, aumentou em cerca de 15 anos. Em 2012 essa expectativa de vida era maior do que a dos EUA. Dado que demonstra alta qualidade de vida, com bons níveis de saúde e de alimentação.
Em 1958, o país tinha um médico a cada mil habitantes. Hoje são 7,7. Eles cuidam não só de pacientes no país, como também de outros países, inclusive no Brasil e na Venezuela (lá existem 25 mil médicos cubanos).
OUTRAS REALIDADES – Em 2010, o governo de Havana enviou 1.200 médicos para enfrentar a cólera no Haiti, depois de um terremoto devastador, enquanto o Ocidente hesitava. Cuba também liderou os esforços internacionais no combate ao vírus Ebola, que se espalhava pela África Ocidental.
A discriminação no trabalho feminino, típica dos países latino-americanos, acabou em Cuba. Atualmente, as mulheres representam cerca de 65% da população empregada em funções técnicas.
Antes de Fidel, 44% da população do campo nunca estudara numa escola, agora não há analfabetos em Cuba (dado da Unesco). E os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, definidos pela ONU em 2000, ficaram muito perto de serem atingidos, já em 2015.
FESTEJANDO A MORTE – Nada disso importa para os exilados que festejaram a morte de Fidel Castro, cantando e dançando, num verdadeiro carnaval que lembrava as noites coloridas de Havana. Alguns se sentiam vingados das perseguições e violências que sofreram por terem se revoltado pela adesão castrista ao comunismo, depois de participarem das lutas heroicas da Sierra Maestra.
A imensa maioria celebrava a felicidade de curtir a morte do líder da revolução que lhes tirara os cassinos, os carros de luxo, os bons negócios, a vida privilegiada ou as chances de um dia chegar lá naquele país que fora seu.
Enquanto cubanos em Miami cantavam e dançavam, em Havana outros cubanos estavam de luto. Centenas de milhares deles, talvez um milhão, formavam gigantescas filas, esperando sua vez de dar adeus a Fidel Castro.
Enquanto os exilados perderam, eles tiveram muito a ganhar com a revolução, simbolizada por seu líder.
O SONHO ACABOU? – Mas as reformas que possibilitaram esses benefícios correriam sérios riscos não fosse o apoio econômico soviético. Com a queda da União Soviética, esse apoio acabou e Cuba entrou num duro período de crise.
Foi quando, no início do século 21, o regime chavista da Venezuela prestou uma colaboração fundamental, vendendo 100 mil toneladas de petróleo por ano – metade de todo o consumo cubano – a preços muito inferiores aos do mercado.
Mesmo assim era visível a incapacidade do regime socialista, especialmente pelo embargo norte-americano, conseguir vencer os desafios dos tempos modernos.
O governo de Havana sentiu a necessidade de uma abertura à iniciativa privada. Muitas áreas de terra de propriedade estatal foram entregues aos camponeses para que as explorassem em benefício próprio.
Essa mesma política foi expandida, permitindo (e mesmo apoiando) a criação de pequenas empresas privadas, industriais e comerciais.
IGUAL À CHINA – Em 2006, quando doença grave obrigou o chefe do governo a renunciar, já parecia fatal uma transformação da economia cubana, para muitos algo semelhante ao que acontece na China.
Fidel Castro já tinha visualizado o fim da sua utopia, no seu discurso de despedida ao citar versos de Calderon de la Barca: “La vida es sueño e los sueños, sueños son.”
Ele morre aos 90 anos e com ele morre seu sonho de uma Cuba socializada e desenvolvida. Afinal era um sonho. E sonhos costumam divergir da realidade. (artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)
17 de dezembro de 2016
Luiz Eça
Site Olhar o Mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário