"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O BRASIL NÃO NECESSITA DE EMPRESÁRIOS NA POLÍTICA, O PAÍS PRECISA É DE ESTADISTAS

Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)


Quem alcança o poder pelas urnas ou pelas armas, através de eleições ou golpes de estado, almeja sempre se eternizar naquele cargo máximo que obteve. O poder é realmente afrodisíaco e transformador do feio em bonito e do pobre em rico, do democrata no mais cruel ditador sanguinário. Os exemplos são fartos de ditadores ainda vivos aqui bem perto de nós. Recentemente, os políticos que mais encarnaram esses exemplos foram o sociólogo Fernando Henrique Cardoso e o sindicalista Luiz Inácio da Silva.

O primeiro, que encarnava o espírito de esquerda, tanto que era chamado de príncipe dos sociólogos, ao chegar ao poder se transformou em um político conservador e até extrapolou em direção ao neoliberalismo. Uma guinada de 180 graus, sem nenhum pudor ou até mea-culpa.

FHC E A REELEIÇÃO – Outro dia estive frente a frente com FUC, na Academia Brasileira de Letras. Olhei aquele homem ex-todo-poderoso sentado solitariamente com o pensamento longe, e pensei na antiga expectativa de que aquela figura intelectualizada fizesse um governo revolucionário.

Longe disso, FHC governou de maneira conservadora, de costas para o povo e de frente para o sistema de poder. A ação do tempo, esse inimigo devastador e implacável, agiu também sobre o sociólogo, é claro. Seus cabelos brancos, sua pele enrugada, seu corpo arqueado, suas vistas cansadas e fatigadas são empecilhos para voltar a exercer a presidência da República.

Todavia, se realmente ele pudesse voltar, para quê? Para o nada dos oito anos de sua desastrada governança? Porém, o seu maior erro foi sem dúvida aceitar a reeleição, esse instituto que cansa o país obrigando o povo a aturar as mesmas pessoas errando por longos oito anos.

LULA E AS ELITES – No caso de Lula, a mesma coisa. De proletário, o homem se transformou em político voltado para as elites. Abusou dos palavrões e da mentira. Atacava as elites e almoçava com elas regado aos melhores vinhos, cujas garrafas beiravam mais de cinco mil reais. Passou a frequentar os salões endinheirados, as lanchas de luxo, hotéis de cinco estrelas, e viajou tanto pelo mundo afora, e poderia ter assumido o título que ele mesmo Lula dava a FHC, chamando-o de “Viajando Henrique Cardoso”. Lula viajou muito mais, com a desculpa de que pobre também tem direito.

Dá náuseas tanta mentira desses nossos donos do poder. Quando começam a falar na televisão, logo desligo o aparelho, porque sei que vem mentira da grossa, com a cara mais lavada possível. A última foi do economista Henrique Meirelles, o comandante da economia do Temer, que fala com gestuais intensamente estudados, com o dedo em riste e as mãos elevadas no plano da cabeça para cima.

Se isso tudo não for um plano para empalmar o poder em 2018, desisto de escrever, pois cada fala desse ministro remete à próxima eleição.

BARBAS DE MOLHO – Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin que botem as barbas de molho, caso contrário serão atropelados pelo profissional que comandou o Banco de Boston e ajudou Lula na direção do Banco Central. Aliás, ele ajuda qualquer um, desde que esteja no poder.

Ingênua foi a presidente Dilma Rousseff, que prescindiu da colaboração de Meirelles, que Lula até tentou impor. Mas acontece que ela nunca teve bom conhecimento de política e jamais fez questão de aprender. Um governante tem que ser preparado, senão se torna empichado ou afastado, exemplos de Collor, Jango (derrubado) e a própria Dilma.

Não simpatizo com Henrique Meirelles nem com João Dória. O Brasil não precisa de homem de negócios, que só enxergam lucros. O Brasil precisa de estadistas, de homens públicos honestos e com visão social, que sejam justos e façam o país crescer de maneira sustentável, dando condições de emprego e educação para todos, em especial as crianças pobres.

Pensar em homens de negócios para gerir um país é uma receita do fracasso, que pode levar a nação para o desespero da luta de classes e da guerra civil.



10 de outubro de 2016
Roberto Nascimento

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