"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

É BOM SABER QUE INTELECTUAIS DE ESQUERDA SÃO OS GURUS DO EVANGÉLICO CRIVELLA



Carlos Lessa é um dos gurus de Marcelo Crivella

A política brasileira é deveras surpreendente. A cada dia aparece uma novidade, como a notícia publicada por Ancelmo Gois em O Globo, revelando que o programa de governo do candidato Marcelo Crivella (PRB) foi preparado com colaboração direta de importantes intelectuais de esquerda, como o cineasta e escritor Luiz Carlos Prestes Filho, o economista Carlos Lessa e o ex-deputado Luiz Alfredo Salomão. Na verdade, desde que passou a disputar cargos majoritários, como a prefeitura e o governo estadual do Rio de Janeiro, Crivella sempre tem procurado se aconselhar com os pensadores de esquerda, com maiores preocupações sociais.

Na eleição de 2014, quando disputou contra o governador Luiz Fernando Pezão, que tentava se reeleger, Crivella tinha como principal assessor de campanha o cientista político César Benjamin, guerrilheiro na ditadura, ex-preso político, fundador do PT, candidato à vice-presidente da República na chapa de Heloísa Helena em 2006 pelo PSOL, legenda que também ajudou a fundar.

CAMPANHA DE LULA – Cesinha, como é conhecido nas esquerdas, foi um dos coordenadores da primeira candidatura de Lula da Silva à Presidência, em 1989, mas abandonou o partido em 1994, por discordar dos esquemas de financiamento das campanhas eleitorais do PT, vejam como ele enxergou longe, premonitoriamente.

Desde então, tornou-se um crítico contumaz do PT. Depois, no escândalo do mensalão, ajudou a fundar o PSOL e concorreu a vice-presidente na chapa encabeçada pela ex-senadora Heloísa Helena, mas se decepcionou novamente e se desfiliou da nova legenda ainda em 2006. Três anos depois, escreveu um explosivo artigo na Folha de S. Paulo, revelando ter presenciado Lula contando que tentara violentar um jovem companheiro de cela durante a ditadura. Lula ficou calado, não respondeu à estarrecedora acusação.

GURU POLÍTICO – Em 2014, o repórter Tiago Romero, do Estadão, entrevistou o marqueteiro de Crivella, Lula Vieira, que descreveu César Benjamin como o “guru político” da campanha.

Na matéria, o jornalista afirmou que Benjamin fora o autor do texto de um anúncio publicado na imprensa estadual sob o título “Salvar o Rio”, para pedir votos em Crivella. Assinado pelo ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Carlos Lessa, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, o economista José Carlos de Assis e o consultor Darc Costa, entre outros, o texto redigido por Benjamin trazia o seguinte trecho: “Não somos políticos. Falamos tão somente em nome do nosso patriotismo, das nossas histórias de vida, do nosso compromisso com o Brasil”.

ALGO EM COMUM – Nessa reportagem de Tiago Romero, o próprio César Benjamin explicou sua identidade com o senador Marcelo Crivella: “Ele é evangélico. Eu não. Temos diferenças. O que temos em comum é algo que a quase totalidade da esquerda brasileira perdeu: a busca da coerência entre a palavra e o gesto, entre o discurso e a vida”, disse Benjamin, acrescentando que nos últimos anos vinha ajudando Crivella em sua atuação no Senado, mas ressaltou que o fazia de maneira “informal, não remunerada”.

Em tradução simultânea, a aproximação de Crivella com destacados intelectuais de esquerda confirma que as ideologias realmente não fazem mais sentido, conforme eu venho afirmando desde a década de 70, quando escrevi uma série de artigos que foram debatidos na Escola Superior de Guerra.

A meu ver, o que importa é fazer as coisas certas, sem rótulos nem partidarismos extremados. Por isso, hoje eu me limito a defender escolas de qualidade para todos, assistência médica universal e sem planos de saúde, uma moradia para cada família carente e assistência social aos desvalidos, para que não haja crianças ou adultos vivendo nas ruas. Apenas isso. O resto a meritocracia e o mercado resolvem, mas o governo sempre precisa estar atento, exercendo seu poder regulador e fiscalizador.


10 de outubro de 2016
Carlos Newton

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