"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 10 de setembro de 2016

FHC, REFLETINDO O OBJETIVO DO PSDB, É CONTRA REELEIÇÃO DE MICHEL TEMER

Charge do Clayton, reprodução de O Povo / CE


Numa entrevista ao portal UOL, da Folha de São Paulo, transcrita ma edição de quinta-feira de O Globo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que Michel Temer tem maturidade suficiente para escapar da armadilha de vir a ser candidato à reeleição nas urnas de 2018. O ex-presidente Da República, aliás, reeleito em 1998, repetiu e endossou assim a tese do PSDB que deseja lançar um nome de seus quadros – Alckmin, Aécio ou Serra – com apoio do PMBD, como se esse apoio fosse uma obrigação do partido do atual chefe do Executivo.

Qual o motivo que seria capaz de levar o PMDB a firmar uma aliança com o PSDB? Aparentemente nenhum. Os tucanos, na realidade, como Aécio Neves já deixou claro antes de FHC, querem liderar a chapa presidencial nas eleições de daqui a dois anos.

SEM OBRIGAÇÃO – Não se compreende a obrigação que o PSDB tenta impor. De um lado, defende a colocação em prática de medidas impopulares como as reformas de Previdência e da CLT; de outro, não deseja arcar com as consequências políticas negativas no eleitorado. Assim, torna-se fácil estabelecer acordos interpartidários. O PMDB sofreria o desgaste, enquanto o PSDB escaparia de tal reflexo. O PSDB, na realidade, deseja o suporte da máquina administrativa do Planalto, os ventos favoráveis do poder, mas não os efeitos do vendaval imposto à sociedade brasileira.

Se tal projeto der certo, a conquista é nossa. Se não funcionar, a culpa é do PMDB e do presidente Michel Temer. Não dá para entender essa equação. Além do mais, porque em 2018 existirão o PT e a Rede de Marina Silva, além de outros candidatos. Aliás, Marina Silva vai testar sua presença eleitoral, que o Datafolha e o Ibope têm destacado, nas eleições para prefeito do Rio. Começaram a surgir na televisão suas mensagens de apoio a Alessandro Molon. Vamos ver qual será o reflexo.

MOLON – Alessandro Molon corre na mesma faixa de centro-esquerda de Marcelo Freixo. A luta, no Rio, situa-se em torno de quem irá ao segundo turno contra Marcelo Crivella. Este, pelas pesquisas do Ibope e Datafolha, tem 27 e 28% das intenções de voto. É muita coisa. Dificilmente poderá ser ultrapassado no primeiro turno. A diferença a seu favor é muito grande. Mas igualmente difícil será alcançar a maioria absoluta dos votos válidos que lhe garantiria a vitória total ainda no primeiro turno. O apoio de Marina Silva, portanto, pode crescer em importância na medida em que poderá deslocar sufrágios decisivos para Molon.

Não poderá arrebatar eleitores e eleitoras de Flávio Bolsonaro, que tem o apoio da extrema-direita. Mas é capaz de deslocar grupos que formam ao lado de Jandira Feghali, candidata da coligação PCdoB-PT, e que está recebendo mensagens a seu favor do ex-presidente Lula.

EFEITO LULA – Boa ocasião, inclusive, para testar na prática se Lula acrescenta votos à candidata de sua preferência, mesmo não pertencendo ao PT. Lula, no momento, encontra-se empenhado nas campanhas de Fernando Haddad, na cidade de São Paulo, e Jandira Feghali, na capital fluminense. Ele tira mais votos do que acrescenta? As urnas vão dizer.

O Datafolha e o Ibope, no momento, não fornecem perspectiva favorável ao grande eleitor de Dilma Rousseff. Panoramas, entretanto, mudam. Sou dos que acreditam em pesquisas, como podem comprovar matérias que escrevi no antigo Correio da Manhã, quando o Ibope não era o que é hoje. Acredito em pesquisas porque a cada eleição os institutos jogam o seu destino. Simplesmente porque a pesquisa eleitoral é a única que pode ser comprovada concretamente na prática.

Nenhuma outra consegue. E basta comparar o prognóstico com o resultado das urnas.


10 de setembro de 2016
Pedro Coutto

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