"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 10 de setembro de 2016

DEMISSÃO DE MEDINA EXIBE O COMPROMETIMENTO DO GOVERNO TEMER COM A CORRUPÇÃO

Sem coragem para encarar Medina, Temer mandou Padilha demiti-lo


A demissão do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) foi um dos maiores erros estratégicos do governo de Michel Temer, que montou um Ministério altamente comprometido com os esquemas de corrupção, a pretexto de garantir maioria na base aliada. 
Logo no início, teve de demitir três ministros –Romero Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo) e Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle). 
Todos caíram por citações fortemente comprometedoras na Operação Lava Jato.

É impressionante constatar que 19 dos 22 nomes escolhidos inicialmente por Temer estão implicados em alguma acusação, processo judicial, investigação ou são citados na Lava Jato. 
Oito deles estão mencionados em delações premiadas, inquéritos ou na chamada “lista da Odebrecht” – Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Governo), José Serra (Itamaraty), Mendonça Filho (Educação), Ricardo Barros (Saúde), Bruno Araújo (Cidades), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) e Raul Jungmann (Defesa), o único que parece ter sido citado equivocadamente.

MAIS ENVOLVIDOS – Incluindo o secretário de Privatizações e Concessões, Moreira Franco, que não tem status de ministro, esse número sobe para nove. 
Mas o total chega a 12 se forem considerados os ministros cujos pais são políticos e estão nas investigações da Lava Jato — Helder Barbalho (Integração Nacional), Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia) e Sarney Filho (Meio Ambiente).

E mais cinco ministros estão sob outras investigações, respondem a processos ou são acusados de irregularidades –Maurício Quintella (Transportes), Blairo Maggi (Agricultura), Alexandre de Moraes (Justiça), Gilberto Kassab (Comunicações) e Leonardo Picciani (Esportes).

UM NOME LIMPO – No meio dessa verdadeira formação de quadrilha, o jurista Fábio Medina Osório, da AGU, despontava como um raríssimo profissional ficha limpa. 
Sua presença no Ministério, sem dúvida, era a única indicação de que Temer poderia estar apoiando a Lava Jato, mas essa possibilidade acaba de ser descartada.

Vejam um detalhe importante na cobertura jornalística dessa trama: Na primeira reportagem que saiu sobre a demissão de Medina, nesta quinta-feira, às 20h53m, informava a Folha que “segundo relatos de integrantes de cúpula do governo, Padilha não concordaria com a tese de acesso da AGU aos inquéritos de políticos envolvidos na Lava Jato e também não gostou das ações da pasta contra as empreiteiras investigadas na operação”.

QUIS CUMPRIR A LEI – Portanto, Medina Osório contrariou o governo Temer ao mover ações contra as empreiteiras, para que devolvam ao erário os recursos desviados no esquema de corrupção, estimados pela AGU em R$ 23 bilhões. Além disso, na opinião do governo, Osório teria errado também ao solicitar ao Supremo os dados sobre políticos envolvidos na corrupção, para igualmente lhes cobrar ressarcimento.

Em tradução simultânea, constata-se claramente que o governo Temer quer proteger as empreiteiras e políticos envolvidos na corrupção. 
Publicamos uma matéria a esse respeito aqui na Tribuna da Internet às 22h28m de quinta-feira, e o efeito foi fulminante. Às 23h14m, a Folha alterava o título anterior (“Ministro da Casa Civil pede demissão de chefe da AGU”) amaciando para “Ministro da Casa Civil pede que chefe da AGU se demita”.

O mais interessante é que na parte que enfocava a justificativa da demissão, misteriosamente sumiu do texto a referência à cobrança de ressarcimento às empreiteiras corruptas, que desde sempre vinha sendo o maior motivo das críticas à atuação de Medina, cuja intenção era simplesmente fazer a AGU cumprir suas obrigações constitucionais, mas agora fica claro que o propósito do governo de Michel Temer é mesmo de proteger as empreiteiras e os políticos envolvidos na Lava Jato.


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PS – O assunto é da maior importância e logo iremos voltar a ele, com novas informações. (C.N.)


10 de setembro de 2016
Carlos Newton


NOTA AO PÉ DO TEXTO

Acreditar em quem? A que ponto chegou o país? Como formar um corpo ministerial, quando se tem que escolher a nata da bandidagem que controla o parlamento? Como pode um governo escapar de ser refém de um jogo sujo, em que os interesses se sobrepõe a qualquer meta séria de administração do país?
Está podre a República!
Quando se lê no texto "É impressionante constatar que 19 dos 22 nomes escolhidos inicialmente por Temer estão implicados em alguma acusação, processo judicial, investigação ou são citados na Lava Jato."
em que podemos acreditar? Em quem podemos acreditar? O que resta de futuro ao país, quando se tem a fina flor da bandalha no controle das decisões que importam, não ao país, mas as vantagens e interesses escusos de grupelhos poderosos?
É desanimador assistir ao espetáculo deprimente a que foi levado o Brasil pela politicalha rasteira praticada. Gerações inteiras desperdiçadas por uma educação de baixíssima qualidade; uma nação inteira contaminada pela imoralidade dos sucessivos escândalos que degradam a sociedade; a insegurança e o medo que ameaçam o cidadão e o faz refém do crime, da bandidagem praticada por menores, por organizações criminosas;  destruição econômica, ética, social passeiam livremente no fértil terreno da impunidade... 
"O tempora, o mores!"
É desanimador...
m.americo


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