"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

OS QUE ACREDITAM NA SALVAÇÃO DE DILMA - OU AINDA DIZEM ACREDITAR



Charge do Benett, reprodução da Folha

















Nem a presidente Dilma acredita mais que conseguirá barrar na Câmara dos Deputados a aprovação do pedido de impeachment. Seus auxiliares diretos, muito menos. Lula, nem se fala, sempre mais realista do que todos eles.
Mas tem um político, sim, que acredita na eventual rejeição do pedido de impeachment: Carlos Luppi, presidente do PDT, ex-ministro de Dilma, expelido do governo por suspeita de corrupção. Lupi não só diz acreditar na derrota do impeachment como tenta convencer os outros disso.
Literalmente um ex-carregador de mala do fundador do PDT, Leonel Brizola, sucessor dele no comando do partido, Lupi garante ao governo que lhe dará 20 votos contra o impeachment. São os votos dos 20 deputados do PDT. No máximo, dará 12. Oito votarão a favor.
CITANDO BRIZOLA
Na votação, é possível que Lupi não entregue, sequer, 12 votos. Seus argumentos para tentar manter o controle do voto da maioria são frágeis e contraditórios. Um deles: Brizola, se vivo, seria contra o impeachment. Por quê? Porque impeachment é golpe, segundo Lupi.
Como Brizola não pode ser consultado a respeito, há os que dentro do PDT acreditem na palavra de Lupi. Outro argumento de Lupi: é preciso mostrar aos políticos em geral, e aos aliados do PDT em particular, que o partido é leal aos que lhe tratam bem. Foi bem tratado por Lula e Dilma.
Quando tudo isso não basta para seduzir os seus interlocutores, Lupi propõe um absurdo: o PDT votaria em peso contra o impeachment e sairia do governo no dia seguinte, fosse qual fosse o resultado da votação na Câmara. Mas sairia por quê e para quê?
Para o PDT provar que não depende de cargos, não se apega a eles. E porque o PDT tem candidato a presidente da República em 2018 – o ex-governador do Ceará Ciro Gomes. E em 2018 não se aliará ao PT. A não ser que o PT apoie Ciro.
LUPI E VALDEMAR
A essa altura, somente Lupi e o mensaleiro de tornozeleira eletrônica Valdemar Costa Neto teimam em acreditar ou em fingir que acreditam na remota possibilidade de salvação do mandato de Dilma. Costa Neto ainda manda – ou pensa que manda – no Partido da República (PR).
Fora o PT, PC do B e partidos nanicos de esquerda, a Dilma só resta o apoio oficial do PDT e do PR. A oposição anunciou que já dispõe de 349 votos para aprovar o impeachment na Câmara. Precisaria de 342. Na verdade, ela está segura de contar até este momento com 358.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aposta que o impeachment será aprovado com 380 votos. Mozart Viana, que por 40 anos trabalhou no Congresso e foi o braço direito de 12 presidentes da Câmara, aposta que os votos poderão ser 400 de um total de 513.
(artigo enviado pelo comentarista Mário Assis Causanilhas)

18 de abril de 2016
Ricardo Noblat
O Globo

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