O marqueteiro do PT e de Dilma Rousseff, João Santana, com seus fluidos olhos de peixe, que vende faturas políticas a partir da sinistra e amoral teoria de que “em eleição vale tudo”, imaginou que iria intimidar e atropelar o tranquilo e bravo juiz Sergio Moro, como já fez com frágeis candidatos em outras campanhas. Recebeu de Moro a sutil resposta:
– “Foram instauradas investigações que ainda tramitam em sigilo. Medida como rastreamento financeiro demanda para sua eficácia sigilo sob risco de dissipação dos registros ou dos ativos. Como diz o ditado, dinheiro tem coração de coelho e patas de lebre”…
Agora, Moro acertou no queixo do marqueteiro. Na Bahia o nome de João Santana é “Tio Patinhas”
O MUSEU DO HOMEM
A Turquia não é um país. É um mapa. É o único país do mundo que já teve 12 capitais: Troia, Hattusa, Xanthos, Sardes, Pergamo, Amaseia, Bizâncio, Constantinopla, Bursa, Edirne, Istambul e Ancara hoje. De belos e estranhos nomes, viveram desde o começo dos tempos naqueles 780 mil km2, com hoje 65 milhões de habitantes. São uma enciclopédia da humanidade, herança de civilizações superpostas, desde o início dos tempos. Ali há marcas do homem 100 mil anos antes de Cristo. .
A Turquia é “o maior museu a céu aberto do mundo”. Cada cidade um pedaço de eternidade. Em cada canto um resto de civilização que se perdeu nas dobras da história e no sopro dos ventos, cobrindo de terra e tempo cidades e civilizações. Toda a história antiga girou em torno de brutais batalhas pela conquista de ligações de terras e mares, nos estreitos de Gibraltar, Peloponeso, Dardanelos, Bosforo. Hoje, entre a Europa e a Ásia há um novo estreito, feito de terra e chão, a Turquia. Toda ela é patrimônio histórico e cultural da humanidade.
Ali a Grécia esteve durante séculos, o Império Romano deixou marcas e garras, a Mesopotâmia virou Europa, o Cristianismo viveu seus três primeiros séculos de perseguições e exílio e viveu seus três primeiros séculos de poder oficial. Ali a humanidade acendeu fogueiras eternas de cultura e sabedoria. Ali nasceram Homero o poeta, São Paulo o jornalista, Teles de Mileto, Pitágoras, Anaxímenes, Anaximandro, Ali ensinaram Platão e Apelikon. Ali Hipódromos criou o urbanismo. Ali se fez a primeira Escola de Escultura. Ali Cleópatra e Marco Antonio se amaram.
Quando Noé ancorou sua arca foi ali, no monte Ararat (5.165 metros). O Tigre e o Eufrates são dali. O templo de Artemisa e o Mausoléu de Halicarnasso estão (estavam) ali. Para se asilarem, Nossa Senhora e São João fugiram para lá e lá morreram. São Pedro falou ali, pela primeira vez, a palavra cristão. A gruta do patriarca Abraão, padroeiro dos judeus, era em Urfa, ali. E o manto, as espadas, uma carta, o estandarte, pelos da barba, dente e pegadas de Maomé estão ali. Ali houve uma biblioteca de 200 mil volumes, antes de Cristo, a mais importante do Império Romano.
O terrorismo sangra a Turquia porque ela é o rosto da humanidade.
PRÊMIO NOBEL
Com imenso atraso, mas ainda em tempo, academias e acadêmicos, poetas e escritores brasileiros e gentes d’além mar lançam o nome da suave e brilhante Lygia Fagundes Telles para o Prêmio Nobel de Literatura.
Não sei se a gélida Fundação Nobel vai perceber que já premiou gente talentosa mas com menos talento que a genial escritora paulista, que há décadas faz literatura de qualidade incomparável. Lygia nos presenteou com obras monumentais: “Ciranda de Pedra” (1954), “Antes do Baile Verde” (1969), “As Horas Nuas” (1989) e outras já consagradas entre o que há de melhor na literatura em língua portuguesa. Quando entrou na Academia Brasileira de Letras, Lygia já era imortal ha muito tempo.
Conheci Lygia nos anos 50, então casada com outro monumento da cultura nacional, o jurista Goffredo da Silva Teles. Impossível saber o que é mais belo, se a literatura que ela produz ou ela mesma. Passado meio século, Lygia envelheceu linda, nobre, bela, simples, vitoriosa.
Seria uma boa oportunidade de os frios suecos quitarem uma dívida com o Brasil. Eles já nos calotearam em casos históricos: em cientistas como César Lattes e Miguel Nicolelis, escritores como Jorge Amado e Guimarães Rosa, nosso monumental Carlos Drummond de Andrade, e os Nobel da Paz merecidos e jamais concedidos aos irmãos Villas-Boas, os maiores sertanistas de todos os tempos; o marechal Cândido Rondon, um arauto da paz; o inesquecível Dom Hélder Câmara (com veto da ditadura militar através do Itamaraty, agora revelado em documentos históricos e vergonhosos); nossa santa Irmã Dulce da Bahia; o incomparável humanista Paiva Netto, líder da aguerrida LBV, distribuindo fraternidade e salvando milhões de brasileiros longe dos holofotes da mídia e dos cofres públicos; os educadores Paulo Freire e Anísio Teixeira e o professor Josué de Castro, brasileiros celebrados nos cinco continentes.
Que o Senhor do Bonfim impeça a Lygia de entrar para essa absurda galeria de injustiças.
22 de fevereiro de 2016
Sebastião Nery
Nenhum comentário:
Postar um comentário