Veja publica um retrato 3×4 do modelo de capitalismo do Brasil, totalmente diferente das regras praticadas nos Estados Unidos, Austrália e países europeus.
Prevalece a máxima de que os lucros são privatizados e os prejuízos assumidos pelos governos, sob formas, diretas e indiretas.
Há exceções daqueles que realmente usam a liberdade de mercado e praticam a verdadeira competição.
Vejamos um exemplo típico da distorção do capitalismo brasileiro, segundo relato da Veja.
Em 2006 (pouco mais de dois anos após o PT chegar ao poder), numa operação nebulosa, em nome do “livre mercado”, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) aliou-se à Construtora OAS, uma das “protegidas” dos ocupantes do Palácio do Planalto (Lula).
A primeira exigência (como sempre acontece) para realizar a operação era a liberação de incentivos e financiamentos, com juros negativos.
Se o governo não atendesse, o negócio se inviabilizaria.
O governo atendeu a OAS, apoiou e incentivou os “companheiros” do sindicato e dirigentes da Cooperativa de Santos a repassarem obras em andamento à Construtora.
Os adquirentes dos imóveis, nada sabiam.
Assistiram o “combinemo” à distância.
Das obras inacabadas, a Cooperativa transferiu de “mão beijada” alguns projetos em andamento, que nunca ficaram prontos, segundo a VEJA e se encontram totalmente abandonados.
Os “coitados” dos compradores caíram no “conto de vigário”.
Se fosse no capitalismo americano, os responsáveis já estariam presos e ressarciriam os enganados.
Lá o incentivo, a isenção, os juros negativos são usados como forma de uso do dinheiro público, que vem do bolso do cidadão, e, portanto, sofrem permanente acompanhamento em sua aplicação, com responsabilidade civil e penal definidas previamente.
No episódio da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), o relato a seguir é emblemático da falta de critérios na liberação do dinheiro público no Brasil, o que é feito sempre em nome da criação de empregos.
“Sem carro, sem FGTS, sem casa –
Para comprar um apartamento da Bancoop, o vendedor Rogério Navarro e a mulher, a professora Silvana, rasparam o saldo do FGTS e venderam o carro.
A ideia era parar de pagar aluguel e atender ao pedido da filha, que sempre quis um quarto só para ela.
Só que a Bancoop quebrou, a OAS assumiu a obra e o prédio nunca saiu do chão.
Hoje, Navarro e a família vivem de aluguel em um apartamento na Zona Leste.
Ele diz não ter mais esperança de receber a casa.
“Nunca mais tivemos notícias da OAS.”
Por justiça, fica registrado que médios empresários cumpriram o acordo e terminaram as unidades repassadas.
Dois projetos foram transferidos para construtoras menores – a MSM e a Tarjab-, que concluíram os empreendimentos no prazo.
O PT chegou ao poder em 2003 e ao invés de aprimorar as regras capitalistas do mercado, gerando oportunidades e regulando os incentivos, aceitou o “cântico de sereia” daqueles que vivem nas alcovas dos governos, em busca unicamente de vantagens e lucros pessoais e de grupos.
Nada mudou.
Ao contrário, o fosso da corrupção e do corporativismo doentio foi aprofundado.
Uma lástima, que ninguém sabe quando irá terminar o suplício do país.
Principalmente, dos mais pobres!
06 de fevereiro de 2016
Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano; professor de Direito Constitucional da UFRN
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